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Birmaneses temem que apelo de San Suu Kyi por resistência ao golpe militar em Mianmar seja fake news

O partido de Aung San Suu Kyi pediu nesta terça-feira (2) a libertação imediata da ex-dirigente de Mianmar (ex-Birmânia) e de todos os outros líderes da sigla, detidos na segunda-feira (1°) após o golpe militar no país. Não se sabe ao certo onde a Nobel da Paz está detida e muitos birmaneses questionam a veracidade da mensagem, atribuída ontem a San Suu Kyi, pedindo que a população se mobilize em defesa da democracia.

Exército de Miamnar controla o país um dia após o golpe que levou a líder Aung San Suu Kyi de volta à prisão. O Conselho de Segurança da ONU faz reunião extraordinária para discutir a crise no país asiático.
Exército de Miamnar controla o país um dia após o golpe que levou a líder Aung San Suu Kyi de volta à prisão. O Conselho de Segurança da ONU faz reunião extraordinária para discutir a crise no país asiático. REUTERS - Athit Perawongmetha
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Com informações da correspondente da RFI em Bangkok, Carol Isoux

Segundo um deputado do partido Liga Nacional para a Democracia (LND), a Nobel da Paz estaria detida pelos militares em sua residência na capital Naypyidaw. Logo após o golpe que derrubou o governo, a "Dama de Yangun”, como é também conhecida San Suu Kyi, lançou um apelo para a que a população resista aos militares.

No comunicado divulgado pelo LND, a ex-conselheira de Estado, que era quem governava de fato o país, convoca os birmaneses a “não aceitar” o golpe de Estado. Nesta terça-feira, essa mensagem levanta várias questões: o que ela queria realmente dizer? Quer que a população se revolte e ocupe as ruas, apesar do enorme risco de repressão? Como ela poderia ter publicado o apelo se já estava detida?

Uma vasta campanha de “desinformação” ganhou as redes sociais do país. Os posts anônimos tentam convencer os internautas que o apelo de San Suu Kyi é falso. As fake news encontram terreno fértil na Birmânia e estão na origem de vários conflitos violentos no país. A população desconfia de todo mundo e a confusão é grande no país.

Prontos para resistir

Apesar da presença ostensiva dos militares, muitos birmaneses afirmam estar preparados para ir às ruas defender a democracia. A motivação de resistência é maior principalmente entre os filhos de chamada geração de 1988, que era estudante quando Aung San Suu Kyi chegou ao poder pela primeira vez, antes de ser detida e mantida em prisão domiciliar por 15 anos pelos militares.

Esses partidários da Prêmio Nobel aceitam arriscar suas vidas somente se o apelo da ex-dirigente for claro e autêntico. Mas, desde a sua detenção, nenhuma imagem da "Dama de Yangun” foi divulgada.

“Pedido de libertação imediata”

O pedido pela "libertação" de Aung San Suu Kyi foi feito por seu partido LND horas antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação em Mianmar. O golpe militar foi condenado internacionalmente e Washington ameaçou adotar sanções contra o país.

O governo birmanês foi derrubado sem violência, mas os soldados continuam mobilizados na capital, Naypyidaw. Além de Aung San Suu Kyi, de 75 anos, o presidente da República, Win Myint, e outros líderes da Liga Nacional para a Democracia também foram detidos. Os soldados também cercaram os edifícios onde os parlamentares moram, e uma deputada da LND descreveu à AFP um "centro de detenção ao ar livre".

Os militares tomaram o poder alegando fraudes nas últimas eleições legislativas, vencidas majoritariamente pela LND. Eles decretaram estado de emergência por um ano. O golpe interrompeu de forma abrupta uma década de processo democrático, limitado, mas estável, em Mianmar.

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