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Japão/Militar

Sob protestos, Japão aprova leis para reforçar papel militar no exterior

A câmara baixa do Parlamento japonês aprovou nesta quinta-feira (16) um pacote de leis defendidas pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe, para reforçar o papel militar do Japão no exterior, em uma polêmica votação boicotada pela oposição. Pacifistas argumentam que a legislação vai colocar um fim aos 70 anos de inatividade militar japonesa. Desde a Segunda Guerra Mundial, soldados japoneses não participam de missões fora do país.

O primeiro-ministro Shinzo Abe é um dos maiores defensores do novo pacote de lei que permitirá que Japão participe de missões militares no exterior.
O primeiro-ministro Shinzo Abe é um dos maiores defensores do novo pacote de lei que permitirá que Japão participe de missões militares no exterior. REUTERS/Toru Hanai
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A votação é uma vitória para o nacionalista Shinzo Abe e para a direita, que ignoraram a indignação popular contra a legislação. Para o premiê, as cláusulas restritivas estabelecidas pelos Estados Unidos ao exército japonês são uma punição constitucional que impede Tóquio de contribuir com a proteção de seus cidadãos e aliados.

Durante a votação, os principais partidos da oposição se recusaram a permanecer na câmara, deixando a decisão para a coalizão governamental de Abe. "A situação da segurança em torno do Japão é cada vez mais preocupante", justificou, em uma referência direta à China. Os dois países travam, há anos, uma disputa pelas ilhas Senkaku, no Mar do Leste.

Confrontos com a polícia

A questão gerou uma forte indignação no país. Embora seja uma vitória para Abe, as pesquisas mostram que a grande maioria da população é contra a legislação, que contribuiu para diminuir a popularidade do premiê.

Ontem, cerca de 60 mil pessoas protestaram em frente ao Parlamento, depois que o projeto de lei recebeu autorização do comitê especial da câmara baixa. Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia e duas pessoas foram presas.

Missão de paz

Na prática, o pacote de medidas, se aprovado pela câmara alta, permitirá a participação do Japão em missões de paz no exterior. Caso seja adotada, a legislação deve entrar em vigor no segundo semestre deste ano.

Uma das grandes mudanças previstas com a aprovação do pacote é a participação de militares japoneses na chamada "defesa coletiva", ou seja, no apoio a aliados. O maior medo da população é de que o Japão seja obrigado a participar das ações bélicas americanas.

Mas os defensores do projeto alegam que ele é necessário devido às mudanças na Ásia, como a volatilidade e a imprevisibilidade da Coreia do Norte e o crescimento da China.

Animosidade

A China criticou hoje o pacote de leis, classificando-o como "um ato sem precedente desde a Segunda Guerra Mundial". "Só pedimos ao Japão que se abstenha de colocar em risco a soberania e a segurança chinesas e de prejudicar a estabilidade e a paz regionais", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, por meio de um comunicado.

Chunying ressaltou que a iniciativa de Tóquio se dá em um momento em que os povos se lembram deste trágico capítulo da Históra, com as comemorações dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. "Pedimos que o Japão tire lições deste episódio e se mantenha em uma trajetória pacífica, respeitando as preocupações da segurança de seus vizinhos e se abstendo de ameaçar a soberania da China", completou.

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