Religioso moderado é eleito presidente da coalizão da oposição síria
Após quatro dias de árduas discussões em Doha, os diversos grupos de oposição sírios escolheram seus dirigentes e assinaram hoje um "acordo inicial" para a criação de uma coalizão nacional unificada que irá trabalhar pela queda do regime do presidente Bashar al-Assad. Países ocidentais, a Liga Árabe e o Catar fazem intensa pressão para obter uma instância de oposição forte e unida.
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Os representantes da oposição elegeram o religioso moderado Ahmad Maaz Al-Khatib para presidir a nova instância. O opositor Riad Seif, ex-deputado e autor da ideia da iniciativa da unificação da oposição, e o ativista Souheir Atassi, que teve um papel importante na rebelião interna da Síria, foram eleitos vice-presidentes.
O organismo será formado por movimentos de oposição que operam no exílio e no interior da Síria e deverá se chamar "Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias". A assembleia de dirigentes terá de 55 a 60 membros.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), uma das maiores facções antirregime, até ontem se recusava a integrar a coalizão unificada, por temer que seus interesses ficassem diluídos na nova estrutura. Em princípio, a nova entidade será aberta a todas as correntes da oposição. O estatuto da coalizão define a representatividade de cada grupo no interior do novo organismo. Além de trabalhar unida pela queda de Assad, a coalizão nacional se compromete a não dialogar com o regime.
Pelo documento assinado em Doha, os conselhos militares revolucionários serão encabeçados por um Conselho Supremo Militar. A coalizão nacional da oposição também se dotou de uma comissão jurídica e de comissões técnicas e especializadas.
Depois de obter o reconhecimento internacional, a coalizão vai se dedicar à formação de um governo provisório.
Conflito gera escalada de violência na região
A guerra civil na Síria se agrava dia a dia, causando instabilidade em todo o Oriente Médio. Hoje, a artilharia e helicópteros do regime bombardearam posições rebeldes em Ras al Ain, perto da fronteira com a Turquia. A zona foi tomada pelos rebeldes na quinta-feira, obrigando 9 mil habitantes da região a fugir para a Turquia.
Dezenas de civis morrem diariamente como vítimas preferenciais ou colaterais dos combates entre rebeldes e forças pró-Assad.
Por outro lado, pela primeira vez em quase 40 anos, Israel efetuou disparos contra uma posição do Exército sírio do outro lado da fronteira nas Colinas do Golan, em represália a um foguete sírio que caiu acidentalmente em uma colônia israelense naquela região de fronteira entre os dois países.
Segundo Sonia Khanji, membro da Câmara de Comércio de Damasco, 30% das pequenas e médias empresas sírias fecharam suas portas desde o início da rebelião, em março do ano passado. O desemprego já atinge 25% da população. O conflito já causou a morte de 38 mil pessoas.
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