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Egito/ eleições

Em clima de incertezas, egípcios elegem presidente

Os egípcios escolhem livremente hoje seu primeiro presidente após a queda do ditador Hosni Mubarak. A população se defronta a uma escolha difícil, entre um antigo general da velha guarda e um islamista que diz ser escolhido por Deus, deixando muitos eleitores temerosos sobre o futuro. Neste sábado, em pleno segundo turno, o Conselho Supremo da Forças Armadas anunciou a dissolução da Assembleia,

Egípcia vota no Cairo, capital do país.
Egípcia vota no Cairo, capital do país. REUTERS/Asmaa Waguih
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O segundo turno das eleições começou ontem e se encerra hoje, e opõe Ahmed Shafiq - o último primeiro ministro de Mubarak - e de Mohamed Morsi, um engenheiro educado nos EUA que quer tornar o Egito uma democracia islâmica, pelo partido Irmandade Muçulmana. A votação é resultado da onda de protestos da Primavera Árabe, no ano passado.

Sem pesquisas de opinião, era impossível prever quem será o vencedor, e qualquer que seja o eleito ele deve receber uma dose de rejeição e acusações de fraude. Mais de 50 milhões de eleitores estão convocados a participar das eleições, as primeiras livres após 31 anos. As seções de voto se abriram às 8h no horário local, 3h em Brasília, e fecharão às 21h (16h em Brasília). O primeiro turno ocorreu em maio.

Os resultados do segundo turno devem sair até o dia 21 de junho. A corrida presidencial dividiu o país entre os que temem o retorno do antigo regime, através de Shafiq, e os que desconfiam da ascensão do partido islâmico ao poder, no caso de vitória de Morsi.

Entre a minoria cristã copta que vive no Egito, a preferência é clara pelo ex-premiê, devido aos temores de que a Irmandade Muçulmana promova uma perseguição às outras crenças, em país de maioria muçulmana. Shafiq, um general aposentado, centrou sua campanha nos temas da segurança. Cerca de 150 mil militares estão destacados para assegurar o pleito.

As eleições ocorrem em um momento de incertezas sobre o futuro, uma vez que os poderes do futuro presidente não foram inteiramente determinados. Os opositores responsáveis pela revolução que derrubou Mubarak, que governou o país por 30 anos, suspeitam que o Conselho Supremo das Forças Armadas deseja manter um papel central na cena política egípcia, apesar do comprometimento em devolver o poder aos civis após o pleito. O Exército assume o governo do país desde a queda do antigo regime.

Conquistas ameaçadas

Os militantes da Praça Tahrir, no centro do Cairo e berço da revolução, fazem um alerta ao Exército de que estão prontos para retomar a revolta que derrubou o regime. "O Exército sempre terá a Praça Tahrir à sua frente", diz Marwan Adel, um professor de 30 anos, neste local símbolo das manifestações que, em fevereiro de 2011, levou à derrubada do ex-ditador.

De fato, as conquistas dos manifestantes parecem perigo: neste sábado, em pleno segundo turno, o Conselho Supremo da Forças Armadas anunciou a dissolução da Assembleia, após a invalidação, na quinta-feira, das eleições legislativas vencidas pelos islamitas em novembro do ano passado. A decisão da Corte Constitucional de invalidar os resultados por uma brecha na lei eleitoral foi descrita pelos islamitas e por forças políticas do movimento revolucionário como um verdadeiro "golpe de Estado" orquestrado pelos militares no poder.

A anulação da Assembleia pode permitir que o Conselho Supremo das Forças Armadas assuma o Legislativo, como foi o caso no período entre a queda de Mubarak e a primeira sessão do novo Parlamento, um ano depois. Essa situação pode perdurar até a realização de uma nova votação para a escolha dos deputados.
 

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