FMI revê para baixo crescimento mundial

O Fundo Monetário Internacional reduziu suas estimativas de crescimento para quase todos os países do planeta e alertou que o mundo entrou numa fase perigosa da crise, com um aumento drástico da volatilidade financeira e das incertezas.  Segundo o relatório Perspectivas da Economia Mundial, divulgado nesta terça-feira, o crescimento da economia global será de 4% neste ano - uma queda de 0,3 ponto percentual em relação a última projeção do FMI realizada em junho.  

REUTERS/John Kolesidis

De nossa correspondente Raquel Krahenbühl, em Washington,

As previsões mais pessimistas são consequência da fraca recuperação econômica e do aumento da fragilidade fiscal e financeira nas economias avançadas. Para o economista-chefe do FMI, Oliver Blanchard, isto pode gerar um circulo vicioso onde "o frágil crescimento torna mais difícil para os países atingirem a consolidação fiscal e a consolidação fiscal pode gerar um crescimento ainda mais fraco”.

Segundo o FMI, os Estados Unidos e a Europa podem sofrer um segundo mergulho e enfrentar uma nova recessão no ano que vem se os governos não agirem rapidamente. O problema é que os impasses políticos, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, estão atrapalhando a aprovacão de medidas anti-crise, o que também agrava a crise de confiança e contagia a economia real.

Estados Unidos

A estimativa de crescimento da economia norte-americana caiu 1 ponto percentual para 1,5% neste ano. O FMI alertou que os cortes no orçamento dos Estados Unidos podem enfraquecer ainda mais a economia do país neste momento. "As principais prioridades para os Estados Unidos devem ser criar um plano de consolidação fiscal de médio prazo para colocar a dívida pública em um caminho sustentável e implementar políticas para sustentar a recuperação no curto prazo", mostrou o relatório.

Reformas na política macroeconômica, como uma tributária, também são recomendadas para que a política fiscal possa sustentar a recuperação. O FMI sugeriu ainda que o FED, o Banco Central ameriacano, esteja pronto para afrouxar ainda mais a política monetária, se necessário.

Europa

A projeção para a Zona do Euro também caiu de 2% para 1,6% neste ano. Segundo o Fundo, os problemas na região podem sair do controle das autoridades já que elas demoram para tomar uma decisão. “ A Europa precisa agir em conjunto”, disse Blanchard. O agravamento da situação na zona do euro é consequência das respostas fracas dos governos.

Os paises desenvolvidos devem crescer apenas 1,6% em 2011, o,6 ponto percentual a menos do que era estimado em junho, e por tanto, segurar a economia global. "Mesmo nas hipóteses mais otimistas, o crescimento nas economias avançadas vai permanecer baixo por algum tempo", alertou Blanchard.

Emergentes

Os emergentes, por outro lado, sustentam a economia mundial com crescimento mais robusto de 6,4%. O maior crescimento é na China – 9,5% em 2011, uma ligeira queda já que a previsão anteriro era de 9,6%. .

Já o PIB do Brasil deve expandir abaixo da média mundial - 3,8% neste ano. O resultado é pior do que a projeção de junho que apontava crescimento de 4,1% em 2011.

O FMI falou que os emergentes ainda estão imunes, mas podem ser contagiados pela degradação das condições nas economias avançadas e enfrentar fluxos de capital ainda mais voláteis e situações mais adversas nas exportações.

Para evitar este contágio, outro relatório divulgado nesta terça-feira, o Fiscal Monitor, recomendou que os emergentes fortaleçam suas políticas fiscais para colocar seus orçamentos em dia.

Os relatórios foram divulgados em antecipação à reunião anual do FMI e do Banco Mundial que reunirá lideranças economicas globais em Washington no fim de semana. Além disto, na quinta-feira, os ministros da finanças dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão se reunir para discutir sobretudo a crise na zona do euro. O ministro da fazenda do Brasil, Guido Mantega, que chega nesta quarta-feira na capital Americana, deve propor durante o encontro uma ajuda para a Europa através do FMI.