BEA extrai com sucesso informações das duas caixas-pretas do Boeing da Ethiopian Airlines
A Agência de Investigação e Análise para a Segurança da Aviação Civil Francesa (BEA) declarou neste domingo (17) que as informações contidas nas duas caixas-pretas do Boeing 737-800 MAX, que caiu no domingo passado (10) na Etiópia, puderam ser extraídas com sucesso. Um dos equipamentos contém as gravações do cockpit; o outro, os parâmetros de voo. A análise dos dados deve demorar várias semanas. A queda da aerovave da Ethiopian Airlines deixou 157 mortos.
Publicado em: Modificado em:
Uma semana após a tragédia, centenas de pessoas participaram neste domingo (17) de uma homenagem póstuma a 17 vítimas etíopes da catástrofe aérea. Os caixões de oito tripulantes e de nove passageiros do Boeing 737-800 MAX estavam cobertos com a bandeira etíope, na cerimônia realizada na catedral da Santíssima Trindade da capital Addis Abeba. O aparelho, que seguia para Nairóbi, no Quênia, caiu seis minutos após a decolagem, matando ocupantes de 35 nacionalidades.
O jornal americano The New York Times revelou nesta semana que o piloto pediu permissão para retornar ao aeroporto de Addis Abeba três minutos após a decolagem. Porém, depois de receber a autorização da torre de controle, o aparelho subiu para uma altitude anormalmente alta e desapareceu dos radares. De acordo com as primeiras informações, o piloto teria relatado “dificuldades”, pedido para dar meia-volta e realizar uma aterrissagem de emergência.
Em menos de cinco meses, dois aviões 737-800 MAX, modelo da Boeing que estreou nos ares em 2016, caíram depois de decolar, levantando questões sobre a aeronave. Em outubro, uma aeronave do mesmo modelo, pertencente à companhia Lion Air, caiu na Indonésia, matando 189 pessoas.
Por medida de segurança, a maioria dos países que operam com esse modelo da fabricante americana suspenderam o uso de seus aviões até obterem esclarecimentos sobre o acidente.
Análise das causas exige tempo
Especialistas afirmam que, apesar dos dois acidentes terem acontecido em pouco espaço de tempo, ainda é cedo para tirar conclusões sobre possíveis falhas técnicas do fabricante.
Em entrevista à RFI Brasil, o ex-piloto da Air France e consultor em aviação Gérard Arnoux disse que existe a hipótese de o avião ter tido problemas para manter a altitude ou de um erro de pilotagem, mas a proximidade dos dois acidentes também pode ter sido “mera coincidência.”
O Boeing 737-800 MAX foi melhorado com um dispositivo automático que impede a perda de sustentação, ou “stall”. Isso significa que existe a possibilidade de o computador de bordo ter induzido o piloto a executar a manobra errada: “picar” o avião, ou seja, empurrar o nariz da aeronave para baixo em vez de “cabrar”, ou seja, empinar o aparelho após a decolagem. Em boa parte dos modelos da Boeing essa função é manual. “Mas ainda é cedo para tirar conclusões”, resumiu Arnoux.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro