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"A esquerda levantou sua cabeça", diz Hamon, candidato do PS à presidencial francesa

Benoît Hamon foi consagrado neste domingo (29) como o candidato oficial do Partido Socialista (PS) à sucessão presidencial francesa com uma vitória considerada "esmagadora" pela imprensa, contabilizando 58,89% dos votos contra 41,11% do ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls. 

Vencedor das primárias socialistas, Benoît Hamon posa para fotos com uma rosa, flor que é símbolo do Partido Socialista (PS) francês.
Vencedor das primárias socialistas, Benoît Hamon posa para fotos com uma rosa, flor que é símbolo do Partido Socialista (PS) francês. REUTERS/Christian Hartmann
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"Nosso país precisa de uma esquerda que pensa que o mundo como ele é e não como ele foi, [uma esquerda] que não apenas se resigna a sofrer com as mudanças", afirmou Benoît Hamon durante seu discurso da vitória na Maison da Mutualité, em Paris, na noite deste domingo (29).

"Apesar das diferenças, as forças nunca estiveram tão próximas em termos de ideias. Vamos nos unir", declarou Hamon, convidando os pré-candidatos Jean-Luc Mélénchon (França Insubmissa)Yannick Jadot (Partido Ecologista) a se juntarem à sua campanha.

Ex-ministro da Educação, Hamon afirmou que pretende "reunir a partir de amanhã os socialistas, todos os socialistas, porque esta é a minha família política, a quem dediquei 30 anos de compromisso". "Gostaria de agradecer os eleitores que se deslocaram para votar neste segundo turno das primárias, é uma conquista da nossa democracia, especialmente os mais jovens, para quem esta foi sua primeira campanha política", disse o candidato. "Fiquem orgulhosos de seu combate, seus valores e de seu amor infinito pela França", declarou.

Hamon parabenizou também seu adversário, Manuel Valls, derrotado nas primárias socialistas: "Nossa militância me transmite nesta noite uma força considerável para continuar nesta batalha. Um abraço caloroso a Manuel Valls. Vocês são os corações valentes da França".

Benoît Hamon se disse ainda orgulhoso de suceder a nomes como François Mitterand, Leonel Jospin, Ségolène Royal e François Hollande no que chamou de "nossos ideais de justiça". O candidato alertou ainda para "os perigos de uma direita conservadora e de uma extrema-direita destruidora".

Manuel Valls reconhece a derrota

"Benoît Hamon ganhou claramente, e eu lhe desejo boa sorte, desde sempre cultivei o senso da lealdade. Hamon é a partir de agora o candidato da nossa grande família politica. O comprometimento pela laicidade e pela República são o coração dessa esquerda", afirmou durante seu pronunciamento Manuel Valls, ex-primeiro-ministro da França e candidato derrotada neste segundo turno das primárias socialistas. Visivelmente emocionado, o ex-premiê francês admitiu que "uma porta se fecha hoje para mim". 

"A esquerda tem credibilidade em matéria de segurança pública. Continuemos mobilizados e vigilantes, para não cairmos no populismo, neste mundo onde os Estados Unidos elegeram um Donald Trump", disse Valls, criticando como Hamon o "populismo" da extrema-direita de Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional. "As pessoas não devem subestimar o perigo da extrema-direita para nossa vida comum e para a democracia", finalizou.

O resultado representou um duro revés para o ex-premiê Valls, espanhol de nascimento e considerado herdeiro político de Hollande, o presidente francês mais impopular das últimas décadas. Benoît Hamon terá três meses para dar impulso à sua campanha num momento em que, segundo todas as pesquisas de opinião, nenhum candidato de esquerda passaria do primeiro turno das presidenciais, em 23 de abril.

A candidata da ultra-direita, Marine Le Pen, e o conservador François Fillon aparecem como favoritos para se eleger, em 7 de maio, o(a) próximo(a) presidente da França. No entanto, em uma campanha cheia de surpresas, os socialistas esperam contrariar as sondagens.

Reações da esquerda à vitória de Hamon

"Dirijo meus parabéns a Benoît Hamon pela sua vitória indiscutível. Seu projeto traz vida nova para a esquerda e para o nosso país. Ele apresentou respostas novas e fortes para os desafios atuais e futuros de nossas sociedades", declarou a ex-ministra e prefeita de Lille, Martine Aubry, do Partido Socialista.

"Hamon conseguiu despertar o entusiasmo pela esquerda e reacender a esperança de um futuro melhor para todos. Esta noite é a vitória de uma esquerda forte em seus valores e lúciao sobre as mudanças que o nosso país precisa", finalizou Aubry, que também já foi primeira-secretária do PS e apoiou Benoît Hamon no segundo turno das primárias do partido. 

Jean-Luc Mélénchon, que se exprimiu pelas redes sociais, saudou a vitória de Hamon como o fim da "Era Valls", duramente criticada pelo líder da extrema-esquerda francesa, da coligação França Insubmissa. Mélénchon se disse contente de perceber em Hamon "palavras e ideais tão próximos dos nossos", porque, segundo ele, "na luta política, é essencial começar pela expansão do significado das palavras que você utiliza", declarou. 

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