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França/Justiça

Ex-presidente Sarkozy é colocado em detenção provisória

O ex-presidente Nicolas Sarkozy presta depoimento na manhã desta terça-feira (1°) na Brigada Anticorrupção do Tribunal de Nanterre, na região parisiense. Esta é a primeira vez que um ex-chefe de Estado é colocado em detenção provisória. Ele é ouvido em uma investigação sobre um suposto tráfico de influência no Judiciário.

Os investigadores do departamento de luta contra a corrupção da polícia judiciária poderão interrogar o ex-presidente Nicolas Sarkozy durante 24 horas.
Os investigadores do departamento de luta contra a corrupção da polícia judiciária poderão interrogar o ex-presidente Nicolas Sarkozy durante 24 horas. AFP PHOTO / VALERY HACHE
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Essa detenção provisória acontece em meio a boatos sobre a intenção do ex-presidente de voltar à vida política. Os rumores indicam que ele estaria se preparando para assumir o comando do partido conservador UMP, maior força da oposição, após as férias de verão.

A polícia busca estabelecer se Nicolas Sarkozy tentou extrair informações de um magistrado de alto escalão sobre um processo no qual ele era citado. Trata-se de uma investigação sobre financiamento ilegal da campanha presidencial de 2007, que ficou conhecida como "caso Bettencourt".

A polícia obteve indícios do suposto tráfico de influência ao colocar Sarkozy e seu advogado sob escuta telefônica. Em troca das informações sobre o andamento das investigações, o ex-presidente teria prometido um cargo de prestígio para um alto magistrado, Gilbert Azibert, em Mônaco.

Os demais suspeitos no caso, o advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, e dois magistrados do Tribunal de Apelações, Gilbert Azibert e Patrick Sassoust, estão sob custódia da polícia desde segunda-feira (30), no mesmo local, e tiveram a detenção prorrogada por mais 24 horas. O objetivo dos investigadores é confrontar as versões dos quatro homens.

Sarkozy e outro ex-presidente, Jacques Chirac, já javiam sido indiciados em processos judiciários, mas essa é a primeira vez que uma detenção provisória é organizada.

Escutas telefônicas

No primeiro semestre de 2013, várias pessoas próximas ao ex-presidente foram colocadas sob escuta em uma investigação sobre as acusações de financiamento pelo governo líbio de Muammar Khadafi da campanha eleitoral de 2007, que levou Sarkozy ao poder.

As conversas de uma dessas pessoas, Michel Gaudin, ex-diretor da polícia nacional e ex-prefeito de polícia de Paris, chamaram a atenção dos policiais. Ele parece tentar, sem sucesso, obter informações sobre a investigação líbia junto ao chefe do serviço de informações, Patrick Calvar.

Em uma decisão sem precedentes na França, os juízes colocam então o ex-presidente sob escuta, sobretudo o telefone que ele utiliza com o nome falso de Paul Bismuth para conversar com seu advogado, Thierry Herzog.

Os diálogos entre os dois homens dão a entender que eles tentaram obter informações do magistrado Gilbert Azibert sobre uma decisão crucial que estava sendo esperada em um outro caso sem relação com a investigação líbia. Trata-se do célebre "caso Bettencourt", um processo no qual Sarkozy era suspeito de ter abusado do estado de fraqueza da bilionária Liliane Bettencourt para obter recursos ilegais para sua campanha eleitoral. O ex-presidente chegou a ser indiciado, mas acabou isentado de denúncia nessa investigação.

A detenção provisória de Nicolas Sarkozy pode ser prorrogada por mais 24 horas. Ao final do interrogatório, o ex-presidente pode ser liberado ou apresentado a um juiz de instrução, que por sua vez pode decidir indiciá-lo.

Os obstáculos judiciários cada vez mais numerosos dificultam o retorno de Nicolas Sarkozy à vida política. Além das investigações sobre o financiamento líbio e o tráfico de influência no caso Bettencourt, o ex-presidente está envolvido em mais seis investigações judiciais.

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