Em coletiva, Hollande admite crise conjugal, mas não fala a respeito
O presidente francês, François Hollande, apresentou nesta terça-feira (14), durante a tradicional entrevista coletiva de início do ano, um vasto plano de reformas econômicas, batizado de “Pacto de Responsabilidade”. Ele também admitiu estar passando por uma crise conjugal, mas recusou-se várias vezes a responder perguntas sobre a primeira-dama Valérie Trierweiler, internada desde sexta-feira, quando uma revista de fofocas estampou na capa o suposto – e não desmentido – caso amoroso do chefe de Estado com a atriz Julie Gayet.
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Na primeira meia hora do encontro, o presidente deu detalhes sobre o “Pacto de Responsabilidade”, que propõe vantagens econômicas a empresários em troca da criação de postos de trabalho. As propostas incluem redução de impostos e simplificação de regras para a criação de empresas, além de cortes nos gastos públicos.
Em seguida, Hollande abriu o microfone para perguntas. A primeira questão foi à queima-roupa: “Valérie Trierweiler ainda é a primeira-dama?”. O presidente admitiu que o casal passa por dificuldades “dolorosas”. Mas acrescentou que “assuntos privados devem ser resolvidos na intimidade” e que aquele não era “o lugar nem o momento para tratar disso”. O presidente deu a entender que a situação seria esclarecida até o dia 11 de fevereiro, data de sua viagem oficial aos Estados Unidos.
Primeira-dama ou não?
Com essa resposta, Hollande deixou claro que não falaria sobre sua vida privada. Mesmo assim outros jornalistas tentaram. Um perguntou se ele pretendia reforçar leis que garantissem a vida privada de pessoas públicas. O líder francês respondeu que é contra “leis de circunstâncias” e que há tribunais que podem punir abusos. Um outro jornalista perguntou sobre o discutido estatuto de “primeira-dama”, atribuição que vem sendo bastante questionada pela imprensa nos últimos dias, principalmente porque Hollande e Valérie não são casados. Ele explicou que não há estatuto definido, que trata-se de uma prática que muda de acordo com os dirigentes e com os tempos.
Um repórter ainda insistiu, perguntando sobre o estado de saúde da primeira-dama. “Está descansando, é tudo o que tenho a dizer a respeito”. Hollande ainda respondeu a uma questão sobre a sua própria segurança, tópico muito criticado por causa dos riscos que o chefe de Estado teria corrido nos encontros furtivos com Julie Gayet num apartamento emprestado. “Obrigada pela preocupação da oposição”, ironizou Hollande. “Minha segurança está sempre garantida e isso não me impede de ir para onde eu queira”, disse.
Censura e África
Em quase três horas, Hollande conseguiu desviar das balas e falar sobre vários outros assuntos da atualidade da França. Sobre o caso Dieudonné, comediante proibido de se apresentar ao vivo por causa de piadas consideradas ofensivas contra o judaísmo, Hollande insistiu que o anti-semitismo, o racismo e a xenofobia serão punidos, mas sem diminuir a liberdade de reunião, de expressão e de criação.
Hollande justificou as intervenções francesas no Mali e na República Centro-Africana, falando em “vitória para a democracia, contra o terrorismo”. E acrescentou: “A França recebeu um pedido de ajuda, não de um ditador, mas de uma resolução do conselho de segurança da ONU”.
Europa e socialismo
Em relação à crise financeira global, Hollande defendeu o futuro da Europa como um todo, como um espelho do futuro da França. Ele também falou de iniciativas para estimular a parceria franco-alemã. A respeito do tipo de socialismo no qual ele se inseria, seguindo os passos de Tony Blair ou de Lionel Jospin, o presidente respondeu que seguia seus próprios passos. “Sou social, reformista, realista e patriota”.
Entre outros assuntos abordados, Hollande falou sobre as próximas eleições municipais e europeias, sobre o aumento das expulsões de ciganos do país e sobre sua visita ao Vaticano, prevista para 24 de janeiro.
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