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AF447/corpos

Corpos do AF447 podem não ser resgatados, diz Justiça francesa

Em uma carta enviada nesta terça-feira às famílias das vítimas do voo AF447, Sylvie Zimmermann e Yann Daurelle, os dois juízes de instrução franceses encarregados do processo de homicídio involuntário contra a Airbus e a Air France, desmentiram que todos os corpos encontrados no fundo do oceano serão resgatados. Segundo o texto, só serão retirados os restos mortais de passageiros que possam ser identificados.

submarino de busca
submarino de busca Reuters
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A carta, de uma página, foi transmitida pelo embaixador Philippe Vinogradoff, responsável pela comunicação com os familiares das vítimas. O texto explica que a decisão de retirar dois cadávares do mar, o que aconteceu na semana passada, serviu para avaliar a possibilidade de identificar os corpos. "Decidimos retirar dois corpos, em estados diferentes de conservação, para determinar se a identificação será possível depois de um período tão longo no mar." Segundo o texto, “só serão retiradas as vítimas que pudermos devolver dignamente às famílias e que possam ser identificadas."

Os juízes esclarecem que as autópsias devem demorar, mas, independentemente dos resultados, a equipe a bordo do navio Ile de Sein, que realiza as buscas no local do acidente, deve ser reforçada. Quatro peritos do Instituto de Pesquisas Criminais da Gendarmaria Nacional vão se juntar aos técnicos que participam, desde o fim de abril, da quinta fase de buscas.

Caso os resultados sejam positivos, diz a carta, a equipe dará continuidade à operação, que será acompanhada por um psicólogo, um representante da polícia francesa e um legista. Os resultados serão enviados, segundo os juízes, apenas para as famílias das vítimas identificadas. De acordo com a carta, "as técnicas empregadas seguirão métodos já utilizados diversas vezes pelos mesmos especialistas."  A unidade de identificação das vítimas existe desde 1992 e já atuou em 38 catástrofes.

A Justiça francesa também desmente que os corpos estejam bem conservados. "Contrariamente a algumas declarações públicas, divulgadas pela imprensa, os restos das vítimas estão em estado de deterioração depois do impacto violento, do tempo embaixo da água, e de influências do meio-ambiente",  em uma alusão direta à declaração da ministra dos Transportes francesa, Nathalie Kociusko-Morizet. No início de abril, quando o BEA, agência civil que investiga as causas do acidente, anunciou a descoberta da carcaça do avião, a ministra disse que nas imagens feitas pelo robô submarino havia " diversos corpos."

Para o diretor-executivo da Associação dos Familiares das Vítimas do voo 447, Marteen Van Sluys, o anúncio cria uma ansiedade extra para os parentes das vítimas. "Esta "divisão" entre os corpos mais e menos deteriorados cria uma ansiedade adicional entre todos por não saberem em qual "grupo" seus entes queridos estao incluídos", disse Marteen. Ele salienta, entretanto, que do ponto de vista médico-legal, "é normal que um corpo que não possa ser identificado continue no mar."

Caixas-pretas

As duas caixas-pretas resgatadas na semana passada no local do acidente, a 300 quilômetros da costa brasileira, chegam a Paris nesta quinta-feira pela manhã. Ainda não se sabe se as gravações contidas na carta da memória do FDR (Flight Data Recorder), com os parâmetros de voo, e o CVR (Cockpit Voice Recorder), com diálogo dos pilotos, poderão ser decodificadas, apesar do bom estado de conservação. A análise dos equipamentos deverá ser acompanhada pelo coronel Luis Claudio Lupoli do CENIPA (Centro de Nacional de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos), segundo o BEA.

 

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