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Bloqueio do rio Sena durante Olimpíada de Paris preocupa produtores de cereais que dependem do transporte

Não é só nas ruas de Paris que o trânsito promete estar complicado durante os Jogos Olímpicos, que acontecem na capital francesa em julho e agosto. A circulação de barcas pelo rio Sena também deve ser interrompida para centenas de usuários que dependem da via fluvial para escoar a produção para o Norte do país.

Barca atravessa o Sena e passa em frente ao antigo Palácio de Justiça, no coração de Paris. (22/08/2023)
Barca atravessa o Sena e passa em frente ao antigo Palácio de Justiça, no coração de Paris. (22/08/2023) AFP - MIGUEL MEDINA
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Arthur Ponchelet, da RFI em Paris

O rio mais famoso da França, que corta a cidade de leste a oeste, será o palco da cerimônia de abertura da Olimpíada e receberá provas como as de triatlo, sem contar o intenso vai e vem de turistas. Mas o Sena não é apenas um dos principais cartões postais da cidade: acima de tudo, é um rio essencial para os agricultores da região parisiense, ao permitir o transporte dos grãos colhidos na bacia de Paris para os principais portos do Norte, como o de Rouen.

“O Sena é um eixo muito importante porque, do ponto de vista logístico, é mais competitivo para o transporte de cereais. São três milhões de toneladas por ano, dos quais cerca de um milhão circulam no verão", explica Jean-François Lepy, diretor de logística da Intercereals.

"É um fluxo contínuo, ou seja, se o interrompermos durante várias semanas, teremos rupturas de cadeia que serão dramáticas e com consequências muito graves”, salienta.

O setor está preocupado porque a interrupção do tráfego deve ocorrer antes mesmo dos Jogos Olímpicos, para a preparação da cerimônia de abertura, inédita em um rio.

Governo prepara medidas 

Em um contexto em que os agricultores do país já estão descontentes com a política agrícola europeia e francesa, o governo se apressa a apresentar soluções para o problema.

A interrupção da passagem de barcas, previstas inicialmente para ser de dez dias, não passará de seis dias e meio, durante os quais as eclusas fecharão mais tarde, à meia-noite, para compensar o trânsito bloqueado durante este período. Também serão instaladas áreas de armazenamento prévio, próximas às margens do rio.

Mesmo assim, a interrupção durante as Olimpíadas de 2024 desperta indignação, já que as medidas não evitarão prejuízos consideráveis para os agricultores: o mês de julho é um dos períodos mais importantes do ano para eles, ao marcar o início da colheita.

“Os cereais são uma grande potência na agricultura francesa, são um elemento da soberania nacional, europeia e também internacional. Portanto, não seria compreensível que houvesse bloqueios ao ponto de não podermos entregar aos nossos clientes de fora ou dentro das nossas fronteiras”, disse o ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau.

Um grupo de trabalho foi criado para identificar as consequências econômicas das perturbações no tráfego fluvial. Nos próximos meses, as discussões continuarão entre o executivo e os representantes do setor.

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