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Mulheres têm menos filhos e número de nascimentos registra queda de 6,8% na França

A taxa de natalidade na França registrou uma nova queda histórica, segundo dados do Insee, o Instituto de Estatísticas francês, publicados nesta quinta-feira (4). Nos primeiros onze meses de 2023, houve um recuo de 6,8% em comparação ao mesmo período de 2022. Entre janeiro e novembro de 2023, 621.691 nascimentos foram registrados no país.

Apesar da queda de natalidade na França, o país continua tendo a maior taxa de fecundidade da União Europeia
Apesar da queda de natalidade na França, o país continua tendo a maior taxa de fecundidade da União Europeia Getty Images - Catherine Delahaye
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Desde 2011, o número de nascimentos vem diminuindo todos os anos na França, com exceção de 2021, após os lockdowns da Covid-19. Em todo o ano de 2022, por exemplo, nasceram 726 mil bebês, o menor número em um ano desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Embora esteja em declínio, a taxa de fecundidade da França ainda continua a ser a mais alta da União Europeia, com 1,84 filhos por mulher em 2021. A média da União Europeia é de 1,53, segundo o Eurostat, o instituto de Estatísticas da Comissão Europeia.

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Fatores demográficos e sociais

De acordo com o Insee, o  número de mulheres de 20 a 40 anos, ou seja, em idade fértil, diminuiu. Além disso, elas têm menos filhos. "Para constituir família, é preciso ter esperança. Mas as gerações mais jovens talvez estejam mais preocupadas com seu futuro", explicou a socióloga Catherine Scornet, da Universidade de Aix-Marselha.

Vários fatores, diz a especialista, criam um “clima de incerteza” que podem influenciar a decisão de ter filhos. Entre eles, a situação econômica frágil, marcada pela inflação, o contexto da guerra na Ucrânia e no Oriente Médio e o aquecimento global.

De acordo com a socióloga, algumas mulheres decidem ter menos filhos, ou não ter nenhum, para terem mais liberdade e poderem priorizar outros projetos. "As mulheres qualificadas são as que mais se projetam fora da maternidade, investem e se realizam em outros campos pessoais ou profissionais", ressalta.

Adaptação dos Estados

A mudança na estrutura da população também exige que os Estados adaptem suas políticas públicas. O fato de ter menos crianças é "positivo" para as finanças de um país no início. Isso significa "menos gastos com educação cuidados e benefícios", lembra Hippolyte d'Albis, professor da Escola de Economia de Paris. O Estado pode então liberar recursos para outras áreas.

Mas a situação se torna mais complexa quando essa geração atinge a idade adulta, já que há um risco de diminuição da população ativa, “que dinamiza a economia e equilibra as contas sociais", lembra.

Segundo o economista, para aumentar e manter a população ativa no futuro seria necessário, por exemplo, promover o emprego de idosos, de mulheres, ou recorrer à imigração. ”Hoje, a população ativa representa cerca de 40% do total na França", lembra.

Equilíbrio entre vida familiar e profissional

Os demógrafos acreditam que exista uma ligação entre as medidas para estimular a natalidade e a fecundidade. Entre elas está a questão do equilíbrio entre a vida profissional e a familiar, que leva muitas mulheres a deixarem o mercado de trabalho.

"Políticas públicas efetivas são aquelas que facilitam a vida dos pais. Desta maneira, as pessoas que ficam em dúvida de ter um filho percebem que ter um filho não é um obstáculo intransponível", diz Laurent Toulemon, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Estudos Demográficos da França (INED).

"As pessoas sabem que ter filhos envolve gastos de longo prazo", diz o demógrafo. "As mulheres também sabem que ainda terão que fazer enormes sacrifícios para criar os filhos, por causa das normas sociais", completa Toulemon.

Com informações da AFP

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