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Homem confessa homicídio de esposa e 4 filhos no Natal e diz que “ouviu vozes”

O homem de 33 anos, que chocou a França no Natal, será indiciado nesta quinta-feira (28) pelo assassinato da mulher e dos quatro filhos na noite de segunda-feira (25) em sua casa em Meaux, a aproximadamente 50 km a oeste de Paris. Ele havia sido detido terça-feira (26) em Sevran, a 30 km do local do crime. O homem sofre de distúrbios psiquiátricos, de acordo com o Ministério Público de Meaux.

Prédio onde morava a família vítima do próprio pai. A esposa e quatro crianças entre nove meses e dez anos de idade foram encontradas mortas, em Meaux, a leste de Paris.
Prédio onde morava a família vítima do próprio pai. A esposa e quatro crianças entre nove meses e dez anos de idade foram encontradas mortas, em Meaux, a leste de Paris. AP - Nicolas Garriga
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O quíntuplo homicídio no dia de Natal faz parte de uma série de infanticídios cometidos por pais desde outubro na região de Paris. O homem esfaqueou a esposa e as filhas até a morte e afogou os filhos.

O pai, que possui um a formação de encanador, mas não tem profissão definida, será apresentado a um juiz de instrução com o objetivo de ser indiciado por "homicídio voluntário de menores de 15 anos" e "homicídio voluntário do cônjuge". 

Enquanto estava sob custódia da polícia, o pai de 33 anos admitiu o crime e descreveu seu modus operandi. Ele disse aos investigadores que havia "ouvido vozes" que lhe diziam para "fazer o mal", sem ser capaz de "identificar qualquer coisa que o tenha levado a agir", escreveu o promotor público de Meaux em um comunicado na quinta-feira.  

Ele contou que, desde os acontecimentos, "não sentia nada" e "se sentia vazio", acrescentou Jean-Baptiste Bladier, o promotor público.  

A questão do tratamento psiquiátrico surgiu imediatamente para esse homem, que estava se submetendo a tratamento para transtornos psicóticos e depressivos. 

Segundo Bladier, o homem indicou que tinha o hábito de tomar a sua medicação diária, que era obrigado a tomar - em um contexto não judicial - desde 2019, mas que não a havia tomado em 24 de dezembro.  

Noite infeliz

Na noite de Natal, por volta das 21h de Paris (17h no horário de Brasília), vizinhos do edifício onde a família morava, preocupados por não terem notícias da família e por terem visto vestígios de sangue no andar, alertaram a polícia que entrou no apartamento térreo no bairro de classe trabalhadora de Beauval, em Meaux.  

Eles descobriram uma "cena de crime muito violenta", como apontou o promotor público na terça-feira (26). Os corpos sem vida de Béatrice, a mãe de 35 anos, e de seus quatro filhos foram encontrados espalhados em vários cômodos.  

De acordo com os resultados das autópsias realizadas na quarta-feira (27), a mãe e suas filhas de 10 e 7 anos foram mortas com cerca de dez facadas cada, "administradas com grande violência".

Já os meninos de 4 anos e 9 meses "morreram de asfixia após afogamento", acrescentou o promotor público. 

Pedido de detenção 

O promotor público solicitou que ele fosse mantido sob custódia. O homem foi preso na manhã de terça-feira em frente à casa de seu pai distante 30 km de onde morava e cometeu o crime. A vigilância por vídeo permitiu rastreá-lo desde que ele deixou o apartamento às 20h de Paris, de segunda-feira.

"Ele amava seus filhos, amava sua esposa", disse o pai do suspeito à RMC, que alertou a polícia sobre a presença de seu filho depois de se recusar a abrir a porta para ele. "Talvez o que ele tenha feito ali tenha sido inconsciente, talvez ele não soubesse o que estava fazendo", sugeriu, acrescentando: "Ainda não entendo.", lamentou.

A irmã do suspeito foi mais franca: "Não importa quantas pessoas me digam que ele é louco, eu não me importo, eu o culpo", disse ela à mesma emissora sob condição de anonimato. "Mas não há ninguém que eu ame mais do que meu irmão, desde o dia em que ele nasceu até os quatro anos. Eu o criei. Eu o culpo por ter tirado a vida de Béatrice, especialmente naquelas condições", falou ela.  

Nascida no Haiti em 1988, Béatrice foi descrita pela irmã do réu como "a mulher forte, a mulher lutadora, uma verdadeira leoa", que apoiou o marido mesmo depois que ele a esfaqueou na omoplata em 2019. O caso foi arquivado com base no fato de que ele tinha deficiência mental, um laudo pericial confirmou que ele não era mais capaz de julgar.  

O casal, que estava junto há 14 anos e casado desde outubro de 2023, havia se conhecido no liceu, ensino médio na França.  "Ela sempre o apoiou e o defendeu. Ele não poderia ter encontrado uma esposa melhor. Era ela quem administrava a medicação do meu irmão, suas consultas médicas e sua papelada administrativa", descreveu.  

Uma cerimônia de homenagem à família morta será realizada no dia 8 de janeiro, às 19h de Paris, em Meaux. 

Casos recentes

Em média, uma mulher é assassinada a cada três dias na França: 118 mulheres foram mortas no ano passado por seus parceiros ou ex-parceiros.  

E, recentemente, dois assassinatos triplos por infanticídio cometidos por pais foram noticiados na região parisiense.

(Com informações da AFP)

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