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Macron adverte extrema direita contra confusão entre 'apoio aos judeus' e 'rejeição aos muçulmanos'

O presidente francês Emmanuel Macron advertiu nesta quarta-feira (8) aqueles que "afirmam apoiar nossos compatriotas de fé judaica ao confundir a rejeição aos muçulmanos com o apoio aos judeus", em uma clara alusão à extrema direita francesa. Líderes do Reunião Nacional, de Marine Le Pen, confirmaram presença em uma manifestação contra o antissemitismo marcada para domingo (12), causando incômodo em  membros do partido do chefe de Estado, organizadores do protesto.

Emmanuel Macron durante um encontro com representantes do CFCM, o Conselho francês do Culto Muçulmano
Emmanuel Macron durante um encontro com representantes do CFCM, o Conselho francês do Culto Muçulmano Ludovic MARIN / POOL / AFP
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"Atacar um judeu" é "sempre uma tentativa de prejudicar a República", disse o presidente francês em um discurso ao Grand Orient de France, a principal instituição maçônica da França.

Em seu discurso, Emmanuel Macron não disse se pretendia participar da grande marcha contra o antissemitismo no domingo, convocada pelos presidentes da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e do Senado, Gérard Larcher, que contará com a presença da primeira-ministra da França, Elisabeth Borne. De acordo com várias pessoas com quem Macron conversou, ele está inclinado a não ir, mas ainda considera a questão.

O antissemitismo é exibido sem medo ou vergonha

Enquanto aguarda sua decisão, ele abordou o assunto, observando que "o antissemitismo está ressurgindo", "em palavras e nas [pichações nas] paredes". "Ele é exibido sem medo ou vergonha", lamentou.

"A República não se dobrará a esse tipo de discurso. E seremos impiedosos com aqueles que promovem o ódio", advertiu. Macron continuou: "Vamos evitar qualquer confusão nesse sentido", pontuou.

Ele destacou também aqueles que "preferem permanecer ambíguos na questão do antissemitismo para agradar aos novos comunitarismos", atacou, tendo como alvo o partido de esquerda radical França Insubmissa.

E mencionou ainda aqueles que "afirmam apoiar nossos compatriotas da fé judaica, confundindo a rejeição dos muçulmanos com o apoio aos judeus, recusando-se, eles próprios, a condenar claramente sua posição do passado e todas as palavras que foram pronunciadas", em alusão à extrema direita da França, que tem em sua base uma ideologia antissemita.

Câmaras de gás do Holocausto, um "detalhe" da história

Sem citar nomes, Macron atacou o presidente do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), Jordan Bardella, que no domingo disse que o fundador do primeiro partido de extrema direita da França, o então Frente Nacional [hoje Reunião Nacional], Jean-Marie Le Pen, "não era antissemita", apesar de suas muitas convicções consideradas perigosas, principalmente por descrever as câmaras de gás do Holocausto como um "detalhe" da história.

Bardella e a líder dos deputados do RN, Marine Le Pen, filha de Jean-Marie Le Pen, anunciaram sua participação na manifestação de domingo, causando constrangimento entre apoiadores de Emmanuel Macron.

"Nem uma palavra sobre a islamofobia"

"Essa marcha, cujo único objetivo é denunciar o antissemitismo, sem nem mesmo uma palavra sobre a islamofobia, infelizmente não é capaz de unir as pessoas. Ela também poderia ser interpretada pelos islamofóbicos como um sinal de impunidade", informou o Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM) nesta quarta-feira, sobre a manifestação de domingo.

O CFCM diz deixar "seus concidadãos de credo islâmico livres para decidir" se querem participar.

Essa organização muçulmana "sempre lutou e continuará lutando contra o antissemitismo" porque "ele é um veneno e uma degradação do espírito que deve ser combatido sem trégua". Porém, "o mesmo deve se aplicar a todas as outras formas de ódio e racismo que estão ocorrendo atualmente, especialmente contra cidadãos de fé muçulmana", lembrou.

A CFCM "compartilha" o "sofrimento" e a "angústia" dos "reféns inocentes mantidos em Gaza", mas "é insustentável não pedir, ao mesmo tempo, o fim dos bombardeios indiscriminados em Gaza, que não apenas causam milhares de vítimas, a maioria das quais são crianças e mulheres, mas também colocam em risco a vida dos reféns".

(Com AFP)

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