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Tráfico de drogas em faculdade francesa leva diretor a querer fechar as portas

Uma faculdade de Marselha, a segunda maior cidade de França, reconsiderou nesta quinta-feira (5) a decisão de fechar as portas devido ao tráfico de drogas no local. A instituição terá reforço policial para garantir a segurança dos alunos, informou a universidade Aix-Marseille.

Pessoas passam pela faculdade de economia da Universidade de Aix-Marseille, em 4 de outubro de 2023.
Pessoas passam pela faculdade de economia da Universidade de Aix-Marseille, em 4 de outubro de 2023. AFP - CHRISTOPHE SIMON
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Cidade portuária do sul da França marcada por fortes desigualdades, Marselha é afetada há décadas pelo tráfico de droga, mas o nível de violência para controlar os pontos de venda de entorpecentes ilegais está em alta, como em outras cidades da região.

Poucas horas depois do anúncio do fechamento, feito na quarta (4), “medidas rápidas e fortes” foram decididas, após uma reunião com a sede da polícia e a Câmara Municipal. “O conselho docente decidiu esta manhã, através de votação, manter o campus Colbert aberto”, informou a universidade em um comunicado.

O local contará com “a presença permanente de integrantes da Polícia Nacional para a sua segurança em diversos pontos e acesso”, acrescenta o texto.

Na quarta, o reitor da universidade, Eric Berton, havia anunciado, por comunicado, a decisão do diretor da faculdade de Economia e Gestão do campus Colbert, Bruno Decreuse, de autorizar que "alunos e funcionários possam trabalhar remotamente a partir desta sexta-feira, por falta de energia para garantir a segurança” de todos. “Cabe aos funcionários, aos professores, à nossa comunidade denunciar as condições insalubres e inseguras no entorno da faculdade”, explicou Decreuse em frente ao local.

Perto do Centro histórico

A medida foi tomada “depois de meses de preocupação e alerta”, ressaltou. As instalações – localizadas nas proximidades do Porto Antigo, centro histórico da cidade – ficariam fechadas até o dia 13 de outubro. Cerca de 1,5 mil estudantes, 170 professores e dezenas de funcionários administrativos frequentam a filial da universidade localizada em Belsunce, um bairro pobre.

A decisão levou o chefe da polícia, Frédérique Camilleri, a convocar uma reunião para a tarde de quarta-feira com representantes da universidade e da prefeitura, considerando "fora de questão que o serviço público ceda a estes traficantes”.

Em Marselha, pelo menos 43 pessoas foram mortas e 109 ficaram feridas este ano em guerras entre gangues de  traficantes, o que a Procuradoria classificou como um “banho de sangue” em curso na cidade.

Bala perdida

Em setembro, uma jovem de 24 anos morreu após ter sido atingida na cabeça por uma bala perdida em seu apartamento no terceiro andar de um prédio. O tiro era proveniente, de acordo com a polícia, de uma rajada de uma metralhadora kalachnikov usada durante um confronto entre grupos rivais em um ponto de venda de drogas.

"A morte desta jovem nos comove", reagiu o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em visita a Marselha na ocasião. O ministério do Interior fez uma cartografia do crime organizado que mostrou que existem mais de 100 pontos de tráfico na cidade, a maioria nas chamadas "cités", bairros empobrecidos, maioritariamente de habitações sociais.

"Na França não há uma organização extensa que controla, como um monopólio, o tráfico de drogas. Existe um grande número de grupos que travam uma batalha feroz entre si", disse em entrevista à RFI Michel Gandilhon, autor do livro Drugstore : drogues illicites et trafics en France (Drugstore: drogas ilegais e tráficos na França, em tradução livre).  

"Sabemos que a maioria dos chefes não vive mais nas cités, mas se instalaram na Espanha, que se transformou em um mercado muito importante da resina de canabis produzida no Marrocos, ou estão na Argélia, em Dubai", complementou.

Com AFP

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