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Protestos violentos após morte de adolescente degradam imagem da França no mundo

A imprensa francesa desta segunda-feira (3) trata da degradação da imagem da França, após seis dias de protestos violentos devido à morte de um adolescente pela polícia, na semana passada. Governo pena para gerenciar a situação, apesar da aparente calma da noite de domingo (2).

Incêndio em Lyon, no centro-leste da França, em 30 de junho, em protesto contra a morte do adolescente Nahel.
Incêndio em Lyon, no centro-leste da França, em 30 de junho, em protesto contra a morte do adolescente Nahel. © AFP/Jeff Pachoud
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"Os tumultos dão a volta do mundo" é o título de uma matéria do Le Parisien. O diário destaca que as violências após a morte do jovem Nahel estampam as capas dos jornais em todo o planeta. "A um ano dos Jogos Olímpicos, os termos 'guerrilha', 'guerra civil' são adotados pela imprensa estrangeira e não ajudam a melhorar a imagem da França", diz a matéria.

No domingo (2), os principais jornais alemães davam destaque às consequências diretas da revolta, como o cancelamento da visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, a Berlim, que deveria durar três dias. Os diários britânicos lembraram que essa não é a primeira vez que o líder centrista é obrigado a cancelar um compromisso devido a dificuldades políticas internas. No final de março, a França teve de adiar a visita do Rei Charles III devido aos protestos contra a reforma da Previdência.

Críticas de outros países

"Macron diante da degradação da imagem da França" é o título de uma matéria do jornal Le Figaro. A situação vem acompanhada de uma série de críticas e ressalvas de outros países. No sábado (1°), o governo da Argélia pediu que a França "assuma seu dever de proteção" dos argelinos, sublinhando sua preocupação com a segurança de seus cidadãos que vivem no país. No domingo (2), o Irã fez um apelo para que o governo francês "coloque fim ao tratamento violento da população", devolvendo as críticas que recebeu à repressão aos protestos no país no ano passado, após a morte da jovem Mahsa Amini. 

Le Figaro reitera que, no mesmo dia, a China emitiu um comunicado expressando sua preocupação com um ataque de um ônibus de turistas chineses em Marselha, no sul da França. Já os Estados Unidos e o Reino Unido pediram que seus cidadãos evitem frequentar as regiões francesas onde as violências podem ocorrer. "Os locais e o momento dos distúrbios são imprevisíveis", preveniu Londres, enquanto Washington afirmou que "as manifestações devem perdurar e podem se tornar ainda mais violentas".

As críticas também vieram da parte do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU (ACDH), visando a política francesa. "Chegou o momento de a França tratar seriamente os problemas profundos do racismo e da discriminação entre suas forças de ordem", indicou a porta-voz da organização, Ravina Shamdasani, na sexta-feira (30). Uma acusação rebatida pelo Ministério das Relações Exteriores da França, que considerou "infundadas" as afirmações do ACDH. 

Fim do prazo dos 100 dias

"Os 100 dias pedidos por Macron acabam com a revolta urbana", afirma o jornal Les Echos, lembrando o prazo estabelecido pelo presidente francês para acalmar os ânimos do país, após a imposição da reforma da Previdência sem a votação do Parlamento, que gerou uma imensa indignação. O diário destaca que os distúrbios, que tiveram início na noite da última terça-feira (27), utilizam uma violência sem precedentes, com incêndios de prédios públicos, saques de lojas e enfrentamento das forças de segurança.

"O governo faz de tudo para não passar a imagem de que a situação está fora de controle, apesar das imagens chocantes que viralizam nas redes sociais", diz Les Echos. As violências geram preocupação a um ano dos Jogos Olímpicos de Paris, diz. Para o jornal, apesar da aparente calma da noite de domingo, as violências estão longe de serem resolvidas. 

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