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França: violência urbana provoca cancelamento de até 25% das reservas em hotéis de Paris

De acordo com o Escritório de Turismo de Paris, nos últimos dias, entre  20% e 25% das reservas de hotéis na capital francesa, previstas para o início de julho, foram canceladas. Esta é uma das consequências dos protestos que tomaram conta da França desde a morte do adolescente Nahel, assassinado por um policial na terça-feira (27).

Policiais passam diante de loja de lembranças em bairro turístico de Paris durante protestos.
Policiais passam diante de loja de lembranças em bairro turístico de Paris durante protestos. AP - Christophe Ena
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Proprietários de restaurantes e outros comerciantes lamentam a queda no número de clientes. De acordo com Véronique Siegel, proprietária de um hotel na cidade de Estrasburgo e presidente de hotelaria da UMIH (União das Profissões e das Indústrias de Hotelaria), só no último fim de semana, 35% de suas reservas foram canceladas. “Dependendo dos destinos e do tipo de cliente, chegamos a até 60% de cancelamentos em outros hotéis, principalmente entre alemães e suíços”, conta.

“Nossa indústria hoteleira sofreu uma onda de cancelamentos de reservas em todas as áreas afetadas por danos e confrontos”, declarou ao Le Monde Thierry Marx, presidente nacional da UMIH. Ele conta ter recebido relatos diários de profissionais do setor que sofreram “ataques, saques e destruição de estabelecimentos comerciais, incluindo restaurantes”.

Em Marselha, na sexta-feira (30), a prefeitura recomendou que os estabelecimentos fechassem às 18h, e o transporte público parou de circular às 19h. Na véspera, muitos restaurantes tinham sido depredados. “Cadeiras e mesas foram usadas para acender fogueiras, janelas foram quebradas”, descreve Bernard Marty, presidente regional da UMIH em entrevista ao diário francês.

Os danos ameaçam uma temporada turística que se anunciava promissora com o início do verão e do período de férias no hemisfério norte. Entre janeiro e abril de 2023, as receitas geradas só pelos turistas estrangeiros aumentaram 21% em relação a 2019, sugerindo para este ano um resultado acima dos € 58 bilhões alcançados em 2022.

Turistas mais sensíveis

Alguns empresários do setor culpam a imprensa internacional por agravar o problema, ao passarem uma imagem dos protestos muito mais grave do que a realidade. Eles enfatizam que os turistas estrangeiros de algumas nacionalidades são muito mais sensíveis a essas informações do que outros.

Os americanos, uma clientela crucial para o turismo da França, correspondem a 15% das anulações de reservas. “O turismo na França aparentemente está sendo 'ajudado' pelos incêndios no Canadá e pelas greves nos Estados Unidos”, explica Jean-François Rial, presidente do Escritório de Turismo de Paris. Junto com os japoneses, essas são as duas clientelas mais sensíveis a questões de segurança.

Os prejuízos gerados pela violência urbana, que nas últimas cinco noites deixou um rastro de destruição em diversas cidades do país, ainda não foram estimados. Mas, para efeito de comparação, durante o movimento dos coletes amarelos, os danos chegaram a € 250 milhões.

Em 2005, um outro episódio de violência policial resultou na morte de dois jovens. As depredações durante os protestos, na época, resultaram em € 200 milhões em prejuízos, quando 30% dos turistas estrangeiros cancelaram suas reservas nos hotéis de Paris.

A direção dos principais pontos turísticos do país, como a Torre Eiffel e o Monte Saint-Michel, informaram que ainda não observaram redução na presença do público.

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