"A polícia mata cada vez mais", denuncia imprensa após morte de adolescente em blitz perto de Paris
Os principais jornais franceses desta quinta-feira (29) estampam suas capas com um drama que comove a França: a morte de Nahel, de 17 anos, baleado por um policial por desobedecer uma ordem de parada de veículo durante uma blitz, em Nanterre, no oeste de Paris. Os editoriais questionam a atuação e os métodos de abordagem dos policiais da França.
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"Polícia à deriva" é a manchete do jornal Libération junto a uma foto que mostra o frame do vídeo em que o policial aponta para Nahel, no volante de um veículo amarelo, segundos antes do disparo mortal. A tragédia traz à tona o aumento de mortes durante as intervenções policiais na França, "junto a promessas políticas que não são cumpridas, um legislativo permissivo e falhas nas formações", diz o diário.
"A polícia mata cada vez mais", destaca Libé, revelando dados de um balanço do site de informações Basta, considerados pelo jornal como "extremamente preocupantes". Em dez anos, a quantidade de mortes durante batidas policiais por ano passou de 21 pessoas, em média, no período entre 2010 a 2019 para 52 em 2021; 39 em 2022.
"Os métodos da polícia questionados" é a manchete do jornal La Croix, que afirma que, baseadas nas imagens da abordagem de Nahel, que viralizaram nas redes sociais, os procedimentos legais não foram respeitados. "Após a morte do adolescente, muitas dúvidas pairam sobre a formação dos policiais e o uso de armas de fogo diante da desobediência de uma ordem de parada de veículo", afirma o diário.
Em editorial, La Croix reproduz as palavras usadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, ao comentar o drama: "inexplicável", "sem desculpas". "O jovem foi morto à queima-roupa e sem representar uma ameaça ao policial que disparou", reitera o texto, dizendo esperar que a tragédia provoque uma reflexão profunda no modo de funcionamento das forças de segurança da França.
Vídeo gerou forte revolta
"Incompreensível" é a manchete do jornal Le Parisien que reproduz a imagem do policial apontando em direção a Nahel, durante a fatídica abordagem. Em editorial, o diário analisa o poder de um vídeo que indignou um país inteiro.
A gravação, a poucos metros da cena, conseguiu captar a fala de um dos policiais, que afirma "atire nele", antes que Nahel acelerasse o carro e colidisse contra um poste, alguns metros adiante. "Um documento que contradiz a tese da legítima defesa", no centro de todas as reações e polêmicas em torno da morte do adolescente, conclui Le Parisien.
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