Acessar o conteúdo principal

Apesar de mobilização em queda, Paris é palco de depredação em 11° protesto contra reforma da Previdência

A França viveu nesta quinta-feira (6) o 11° dia de mobilização nacional contra a reforma da Previdência com uma participação em declínio, especialmente em Paris, onde houve momentos de tensão e depredações.

Manifestantes voltaram a sair às ruas na França nesta quinta-feira em mais um dia de protestos contra a reforma da Previdência. A foto mostra o cortejo perto dos Inválidos, na capital.  Em Paris, França, 6 de abril de 2023. REUTERS /Sarah Meyssonnier
Manifestantes voltaram a sair às ruas na França nesta quinta-feira em mais um dia de protestos contra a reforma da Previdência. A foto mostra o cortejo perto dos Inválidos, na capital. Em Paris, França, 6 de abril de 2023. REUTERS /Sarah Meyssonnier REUTERS - SARAH MEYSSONNIER
Publicidade

O Ministério do Interior contabilizou 57.000 manifestantes na capital e 570.000 em todo o país. De acordo com a CGT – Confederação Geral do Trabalho – 400.000 pessoas participaram dos protestos em Paris e quase dois milhões em toda a França. Um número em queda se comparado com a participação do último dia de movimento social, em 28 de março, quando o Ministério do Interior havia contabilizado 740.000 manifestantes em todo o país, incluindo 93.000 em Paris.

Vinte pessoas foram presas nesta quinta-feira, de acordo com a polícia da capital, que relatou vários feridos entre os membros das forças de ordem, incluindo “um agente atingido no rosto" e outro que “teve o capacete apedrejado”. Manifestantes também lançaram projéteis perto do restaurante La Rotonde, frequentado pelo presidente Emmanuel Macron, onde uma parte do toldo foi incendiado.

Imagens feitas pelos jornalistas da Reuters mostram uma agência bancária sendo saqueada, latas de lixo queimadas e confrontos entre manifestantes e a polícia.

De acordo com dados do ministério do Interior, 11.500 policiais foram destacados para atuar na França neste dia de greve, 4.200 só na capital. 

Novo dia de mobilização já foi marcado

Os sindicatos franceses seguem determinados a continuar o movimento social contra a mudança nas regras das aposentadorias. Um novo dia de mobilização já foi marcado para a próxima quinta-feira (13), véspera do anúncio da decisão do Conselho Constitucional sobre a legalidade do projeto de reforma da Previdência.

"A mobilização continuará de uma forma ou de outra. Não podemos virar a página até que a reforma seja retirada", declarou a nova secretária-geral da CGT, Sophie Binet, durante o protesto desta tarde em Paris. Os manifestantes marcharam da região dos Inválidos, às margens do rio Sena, até a Place d'Italie, no sudeste da capital. “Estamos numa corrida de longa distância”, acrescentou Binet, denunciando que membros do governo "não entendem o que está acontecendo" no país.

“O desafio é mostrar que a determinação continua forte", declarou o secretário-geral da CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), Laurent Berge. Ele julgou o movimento "suficientemente poderoso para se fazer ouvir". “Estamos em uma crise social, uma crise democrática e a solução é o presidente que tem nas mãos”, acrescentou.

 

Manifestantes queimaram latas de lixo em Paris em mais um dia de protestos contra o projeto do governo de reforma da Previdência.
Manifestantes queimaram latas de lixo em Paris em mais um dia de protestos contra o projeto do governo de reforma da Previdência. REUTERS - SARAH MEYSSONNIER

 

Além de Paris, houve manifestações em centenas de cidades, incluindo Bordeaux, Nantes e Calais. Em algumas delas houve distúrbios.

"Não podemos trabalhar até os 64 anos. Não é possível fisicamente e nem moralmente", afirmou Séverine Trichet, 38 anos, um manifestante de Rennes, no norte da França.

Crise Democrática

Este 11º dia de mobilização nacional desde o início do ano ocorre um dia após o encontro entre sindicalistas e a primeiro-ministra, Élisabeth Borne, descrito como um "fracasso" pelos sindicatos, que voltaram a exigir a retirada do projeto de lei das aposentadorias. A chefe de Governo esperava que a reunião pudesse ser uma oportunidade para discutir outros temas relacionados ao trabalho, como a penibilidade de certas profissões e a precariedade no fim das carreiras, já que muitos franceses reclamam que não teriam condições físicas de continuarem a trabalhar por mais dois anos até se aposentarem.

Diante da recusa do governo em retirar o texto que prevê o adiamento da idade legal da aposentadoria de 62 para 64 anos, o grupo intersindical rejeitou a abertura de "outras consultas" e pediu para que a população continue mobilizada nas ruas. 

A reunião no Matignon (sede do governo francês) "não foi à toa", julgou, por sua vez, o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, que reconheceu a existência de uma crise social, mas não de uma "crise de democracia". "Sempre há desacordo, mas há perspectivas”, disse ele em entrevista à BFMTV-RMC.

"Crise democrática não é isso", estimou de sua parte o porta-voz do governo, Olivier Véran, à rádio FranceInter. "Crise democrática acontece se os extremos chegarem ao poder, por exemplo, e considerarem que o Conselho Constitucional não é importante", exemplificou.

Os membros do Conselho Constitucional devem apresentar, em 14 de abril, a sua decisão sobre a conformidade do texto da Lei das Aposentadorias, uma etapa fundamental antes da promulgação pelo presidente da República.

Na China, onde Emmanuel Macron faz uma visita de Estado, a comitiva do presidente mencionou um possível encontro entre o Chefe de Estado e os sindicatos após a decisão do Conselho Constitucional.

Impacto nos transportes

A greve desta quinta-feira voltou a atrapalhar o transporte público na região de Paris, mesmo que a greve tenha tido menos adesão entre os trabalhadores da RATP (empresa pública de transportes na região) do que em outros dias de mobilização. O tráfego esteve quase normal na Île-de-France, onde fica Paris.

Já a SNCF, empresa responsável por viagens ferroviárias intermunicipais e regionais, teve três em cada quatro trens de alta velocidade circulando, enquanto apenas metade dos trens regionais funcionaram.

Nas escolas, o ministério da Educação Nacional divulgou um balanço de 8% de grevistas, ao meio-dia.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.