Popularidade de Macron cai a nível mais baixo desde crise dos "coletes amarelos"
O descontentamento com a reforma da Previdência e com a postura tida como autoritária do governo francês provocou uma queda vertiginosa na popularidade do presidente Emmanuel Macron. Apenas 29% dos franceses estão satisfeitos com a sua atuação, segundo uma pesquisa de opinião publicada nesta terça-feira (4) pelo instituto Ifop-Fiducial. O nível é o mais baixo desde a crise dos coletes amarelos, em 2019.
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O índice de popularidade do presidente caiu oito pontos em relação ao último estudo, que o apontava com 37% de aprovação no início do mês de março, conforme a pesquisa encomendada pela Sud Radio e pela revista Paris Match.
A queda na popularidade acontece na sequência da imposição pelo governo da reforma da Previdência ao Parlamento francês sem a votação dos deputados. Desde então, a França vive um cenário de forte tensão política e social, com manifestações semanais cada vez mais violentas.
O nível de popularidade de Macron é o mais abaixo desde a crise do movimento dos "coletes amarelos". Em dezembro de 2018, o presidente francês tinha a aprovação de apenas 23% dos franceses. No mês de janeiro de 2019, o índice era de 28%.
A pesquisa publicada nesta terça-feira aponta que a primeira-ministra Élisabeth Borne também perdeu dois pontos em sua aprovação, e tem o apoio de 29% dos entrevistados. Esse é seu pior resultado desde o início de seu mandato, em maio de 2022.
A pesquisa, realizada com 1.010 pessoas, tem uma margem de erro entre 1,4 e 3,1 pontos.
Partido de Le Pen ganharia votos em nova eleição
A insatisfação popular com o governo Macron daria mais votos ao partido de extrema direita de Marine Le Pen se houvesse uma nova eleição neste momento. Esta é a conclusão de um estudo publicado hoje pela Fundação Jean-Jaurès, ligada ao Partido Socialista francês.
O partido Reunião Nacional (RN) teria 26% dos votos para as eleições legislativas caso uma nova votação fosse realizada neste momento, sete pontos mais do que recebeu em junho de 2022.
O partido de Macron, o Renascimento, receberia 4% menos votos do que os conquistados na eleição do ano passado, perdendo assim cadeiras na Assembleia Legislativa.
Em uma votação hipotética, a coalizão de esquerda Nupes, que reúne socialistas, ecologistas e esquerda radical do partido França Insubmissa, teria os mesmos 26% dos votos, quantidade equivalente à recebidas nas eleições.
"O RN se beneficia da crise sobre as aposentadorias porque é visto como sério e anti-sistema na opinião pública, e demonstrou uma atitude de compromisso enquanto a França Insubmissa é vista como muito radical", explicou o cientista social e autor do estudo Antoine Bristielle.
A pesquisa mostra ainda que o partido da extrema direita tem conquistado o interesse das classes trabalhadoras e também dos micro e pequenos empresários franceses.
(Com AFP)
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