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Filme feminista 'La Nuit du 12' ganha o César; premiados fazem homenagens às mulheres, à Ucrânia e ao Irã

"La Nuit du 12" (A noite do 12, em tradução livre), que narra a impossível investigação de um feminicídio na França, triunfou no 48º César, em Paris, durante uma cerimônia em que muitas vozes denunciaram a ausência de mulheres entre os indicados ao prêmio de melhor filme. O longa conquistou seis prêmios nesta cerimônia emblemática do cinema francês, incluindo uma rara dupla premiação: o César de melhor filme e o de melhor diretor, para Dominik Moll.

O diretor Dominik Moll (à esquerda) com o roteirista Gilles Marchand (direita) após receber o prêmio de melhor adaptação na cerimônia do 48º César.
O diretor Dominik Moll (à esquerda) com o roteirista Gilles Marchand (direita) após receber o prêmio de melhor adaptação na cerimônia do 48º César. © BERTRAND GUAY / AFP
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Os atores Bastien Bouillon e Bouli Lanners receberam os prêmios de melhor promessa masculina e melhor ator coadjuvante, por interpretarem uma dupla de investigadores da polícia judiciária que tentam elucidar o assassinato de uma jovem sem testemunhas.

Inspirado em fatos reais, ocorridos em Saint-Jean-de-Maurienne, no departamento de Savoie, na França, "La Nuit du 12" traz uma série de suspeitos que nem percebem a misoginia de suas palavras, e também aborda o machismo na polícia.

No lado masculino, Benoît Magimel ganhou o César de melhor ator pelo segundo ano consecutivo, com "Pacifiction - Tourment sur les îles" (Pacificação - Tormento nas ilhas).

A atriz franco-belga Virginie Efira foi coroada com o César de melhor atriz por "Revoir Paris" (Rever Paris), de Alice Winocour.

"L'Innocent" (O Inocente), de Louis Garrel, favorito com 11 indicações, foi a grande decepção da noite, com apenas um troféu, por seu roteiro.

“A verdadeira Clara”

Dominik Moll, ao ganhar sua segunda estatueta de realizador, 22 anos depois de "Harry un ami qui vous veut du bien" (Harry um amigo que te quer bem), disse ter "pensado na verdadeira Clara, a verdadeira vítima do caso que deu origem ao filme. Que se chamava Maud".

Ele homenageou o público francês "que tem apetite por filmes fora do comum": seu thriller franco-belga se beneficiou de um forte boca a boca e reuniu 509 mil espectadores. O coroamento de "La nuit du 12" e sua mensagem feminista, porém, não escondia a ausência de diretoras entre os indicados ao troféu de melhor direção.

"Os cineastas tinham que aproveitar a história" sobre a violência contra as mulheres, lançou uma das produtoras do filme, Caroline Benjo. “Viva as mulheres e viva os homens que se juntam à sua luta”, acrescentou ela em um discurso contundente, ao ver as lágrimas nos olhos da atriz Judith Chemla, que denunciou publicamente a violência doméstica que sofreu.

Este cenário reproduz o de anos anteriores, quando também não houve indicações de mulheres para o prêmio de melhor direção. Esta edição teve a indicação de apenas uma mulher, Valéria Bruni Tedeschi, para a categoria de melhor filme.

Alice Diop

Diversos laureados aproveitaram o momento dos agradecimentos para tirar essas mulheres do esquecimento. Virginie Efira dedicou seu César à sua realizadora, Alice Winocour, e "o estendeu" a outras, incluindo Rebecca Zlotowski ("Les enfants des autres", Os filhos dos outros), também ausente das nomeações.

“Não estamos de passagem, nem somos um modismo!”, prometeu a cineasta Alice Diop, César de melhor primeiro filme por “Saint Omer”.

Até hoje, Tonie Marshall continua sendo a única mulher a receber um César de melhor diretora com "Venus Beauté (institute)", em 2000.

Noémie Merlant pensou em todas aquelas “que deveriam ter sido celebradas”. "Sinto falta delas", declarou a atriz, César de Melhor Atriz Coadjuvante por "L'Innocent".

Ucrânia e Irã

Em outra categoria, o astro americano Brad Pitt fez uma aparição surpresa para conceder um César honorário a um dos cineastas que ajudaram a forjar sua carreira, David Fincher ("Seven", "Fight Club"...).

“Saúdo a cultura do cinema francês, seu compromisso com um cinema que reflete o que somos de menor e mais simples, e não apenas nossas aspirações heroicas quando vestimos roupas justas”, declarou Fincher.

Os premiados pelo César também não esqueceram a Ucrânia, mencionada por Louis Garrel (este país "há um ano vive uma tragédia por causa desta guerra louca e criminosa"), nem o Irã, por Golshifteh Farahani ("Escolha este regime ou nós, o povo do Irã").

Um ativista climático, apoiando o coletivo Dernière Rénovation (Última Renovação) e vestindo uma camiseta "We have 761 days left" (ainda nos restam 761 dias) interrompeu brevemente o início da cerimônia, antes de ser retirado.

(Com informações da AFP)

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