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Brasileiros comemoram em Paris classificação para as oitavas de final na Copa

Lá fora os termômetros marcavam insípidos 7°C. Dentro, dadinhos de tapioca e muitas caipirinhas subiram a temperatura em um restaurante brasileiro de Paris até culminar no tão esperado gol de Casemiro, que trouxe alívio enfim aos 83 minutos da partida, depois de um gol de Vini Jr. anulado pelo árbitro. Confiantes, os brasileiros que moram ou estão de passagem por Paris, agora se projetam contra Camarões: “3 a 0 no mínimo” – um placar possível para a seleção já classificada para as oitavas de final.

Grupos de amigos de Belo Horizonte assistiu o jogo Brasil X Suiça em restaurante brasileiro de Paris. Otimistas antes e depois da partida, as expectativas agora são grandes para o jogo contra a seleção de Camarões.
Grupos de amigos de Belo Horizonte assistiu o jogo Brasil X Suiça em restaurante brasileiro de Paris. Otimistas antes e depois da partida, as expectativas agora são grandes para o jogo contra a seleção de Camarões. © RFI/Marcia Bechara
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O Brasil demorou para furar o famoso bloqueio defensivo helvético, mas a seleção já faz parte agora da famosa fase do "mata-mata", e o jogo com Camarões deve servir para afiar ainda mais o desejo de vitória da equipe brasileira. Sem Neymar, mas com um leque de jovens atacantes com sede de vitória, além de uma defesa pragmática e concisa, a equipe brasileira vai aos poucos desenhando seu destino no maior torneio masculino do futebol mundial. Um destino eminentemente coletivo e positivo, propositivo, saudando o mundo com um pouco daquele futebol-arte que andava em falta nos últimos tempos.

Os repórteres esportivos na televisão francesa já anunciavam um dos destaques da partida, antes mesmo do jogo começar: “é preciso prestar atenção em Vinícius”, diziam em uníssono os jornalistas da França no Catar, como se prenunciassem as jogadas agressivas e os dribles marotos de Vini Jr., que chegou a marcar para o Brasil nos primeiros 18 minutos do segundo tempo, mas que teve o gol anulado por causa de um impedimento do colega Richarlison, herói da partida contra a Sérvia na estreia.

Brasileiros presentes no restaurante Gabriela, no 9° distrito de Paris, comemoram o gol de Casemiro no fim do segundo tempo, em 28 de novembro de 2022.
Brasileiros presentes no restaurante Gabriela, no 9° distrito de Paris, comemoram o gol de Casemiro no fim do segundo tempo, em 28 de novembro de 2022. © RFI/Marcia Bechara

Os brasileiros Rodrigo e a namorada Melissa estavam confiantes antes da partida. “Acho que é a Copa em que o Brasil chega mais inteiro, apesar da lesão do Neymar, é a Copa que temos mais chances nos últimos tempos”. Confiantes, eles apostavam respectivamente em “3 a 0” e “2 a 1” para a seleção brasileira, antes do jogo. Nas mesas do restaurante brasileiro, muito poucas camisas amarelas da seleção canarinha, substituídas por pullôveres, casacos e blusas de inverno. Culpa, talvez, do termômetro abaixo de dois dígitos, vai saber...

“É claro que o Brasil vai ganhar”, torcia Melissa com convicção. O clima do casal dominava as mesas do restaurante de comidas e bebidas típicas Gabriela, no 9° distrito de Paris, região de alto poder aquisitivo da capital francesa. No menu de “tapas”, como os franceses costumam chamar as brasileiríssimas “porções”, a mandioca frita com molho de ervas sai a € 10 (cerca de R$ 55), o suco de graviola a € 6 (R$ 33) e pratos mais elaborados como feijoada e picanha podem chegar a € 22 (R$ 122).

Vitória, 30 anos, é atriz brasileira e mora em Paris. Ao lado da amiga Natália, 31, estilista, torcem para o Brasil marcar antes do segundo tempo.
Vitória, 30 anos, é atriz brasileira e mora em Paris. Ao lado da amiga Natália, 31, estilista, torcem para o Brasil marcar antes do segundo tempo. © RFI/Marcia Bechara

Vitória, 30 anos, é atriz brasileira e mora em Paris, e estava achando o jogo “chato” ao fim do primeiro tempo. Ao lado da amiga Natália, 31, estilista, ela esperava um gol “para animar”. O brasileiro Leandro, vendedor, avalia o primeiro tempo da partida contra a Suíça, com confiança na equipe de Tite: “jogo está difícil, mas o Brasil tem chances de ganhar no segundo tempo. Neymar sempre faz falta, mas agora temos que contar com Richarlison e outros que estão aí”.

Mesma opinião do outro lado da mesa, onde o administrador de empresas Daniel apostava, certeiro: “o Brasil tem tudo para fazer dois gols no segundo tempo”. A mineira Daniela disse, convicta, que “Neymar não faz falta nenhuma, Richarlison nos representa dentro e fora de campo”, bateu o martelo. A advogada Ana Flávia, também mineira mas radicada em Paris, estava “muito confiante para o segundo tempo”. É rumo ao hexa”, opinou. A única polonesa da mesa, amiga do grupo mineiro, celebrava por antecipação a vitória brasileira: “jogo agressivo, muitas tensões, bom de ver... O Brasil vai ganhar por dois a zero. Vai Brasil!”.

E o Brasil veio, comme il faut, agressivo, jovial e botando pressão nos suíços desde o início do segundo tempo. Quando Vini Jr balançou as redes aos 18 minutos, a “casa caiu” dentro do restaurante Gabriela. Era um feito a ser comemorado, estampado no sorriso branquíssimo de um jogador de garra, que sofreu na pele agressões racistas na véspera da Copa, vindas da torcida do Atlético de Madrid. Mas o gol no Catar foi anulado por impedimento de Richarlison, seu colega no ataque, o que não desanimou a torcida de brasileiros – e europeus – que torciam juntos no restaurante parisiense. 

Tensão da turma de brasileiros assistindo o segundo tempo do jogo Brasil X Suiça, cujo resultado classificou a equipe brasileira por antecipação para as oitavas de final.
Tensão da turma de brasileiros assistindo o segundo tempo do jogo Brasil X Suiça, cujo resultado classificou a equipe brasileira por antecipação para as oitavas de final. © RFI/Marcia Bechara

Quando Casemiro mirou o gol sem chances para o goleiro suíço quase no fim do segundo tempo, era como se fosse a confirmação de um desejo - compartilhado e longamente esperado.

“Ainda bem. Foi suado, mas deu tudo certo”, comemorava Vitória, enfim satisfeita. “A final vai ser Brasil e França”, disse à reportagem da RFI. “Eu vim só pela caipirinha, confesso, mas é muito bom ganhar, o Brasil tem que ganhar de novo”, celebrava a amiga Natalia. “Faltou um gol, mas sei que está guardado para o próximo. Tenho muita simpatia pela seleção de Camarões, mas nós vamos ter que ganhar e vai ser pelo menos 3 a 0”, chutou a mineira Daniela, de passagem por Paris.

“O Neymar faz falta como jogador, mas isso não pesou muito na seleção, porque temos jogadores de muita qualidade”, declarou Leandro, no fim da partida. “De maneira motivacional, é ruim não ter o Neymar. Mas tecnicamente o Brasil está muito bem com os jogadores que tem”, disse. “O Brasil foi muito bem no segundo tempo, no primeiro estava mais tímido. Estou bem animado para o jogo contra Camarões, o Brasil vem muito forte nessa Copa, e eu tô com a Daniela, é no mínimo 3 a 0”, celebrou.

O suíço Peter, bendito é o fruto entre os brasileiros ao final da partida contra seu país , manteve o bom humor e disse "estar feliz" por Casemiro, em entrevista à RFI Brasil.
O suíço Peter, bendito é o fruto entre os brasileiros ao final da partida contra seu país , manteve o bom humor e disse "estar feliz" por Casemiro, em entrevista à RFI Brasil. © RFI/Marcia Bechara

Supresa no meio de caipirinhas, o suíço Peter, comerciante do setor de cannabis para uso médico, manteve o bom humor e a elegância no final da partida contra o Brasil, num terreno minado de adversários. "Fiquei feliz por Casemiro, ele marcou um gol lindo, numa partida magnífica ", disse em francês. 

Perguntado se não ficou chateado pela Suíça não ter marcado contra o Brasil, ele nega. “ Sabe, a Suíça é a distância entre São Paulo e Rio. Há 10 anos, seria 10 a zero. Hoje estivemos à altura [da equipe brasileira], jogamos quase de igual para igual. Estou muito orgulhoso”, afirmou.

“O próximo jogo é contra a Sérvia, e tem toda aquela questão política [sobre o apoio da Sérvia ao Kosovo, e os jogadores Granit Xhaka et Xherdan Shaqiri, que nasceram no Kosovo, comemorarem gols provocando a Sérvia], os sérvios são tecnicamente bons, mas costumam machucar os adversários”, criticou. Sobre uma final entre Brasil e França, como antecipavam alguns brasileiros no restaurante, Peter preferiu a famosa cautela suíça: “Ainda é muito cedo para dizer, vamos acompanhar”, declarou, antes de pedir a próxima caipirinha.

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