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Doze candidatos concorrerão à presidência na França, com uma surpresa de último minuto

Doze candidatos competirão nas eleições presidenciais de 2022, anunciou o Conselho Constitucional nesta segunda-feira (7). Esses candidatos ao Palácio do Eliseu reuniram os 500 apadrinhamentos necessários de autoridades eleitas para participar da corrida à presidência. Um deles, que tinha 439 padrinhos até quinta-feira (3), conseguiu os 61 restantes em algumas horas e pôde sair candidato. Entenda o sistema francês. 

Como acontece a cada cinco anos, os franceses vão às urnas para escolher o próximo presidente da República.
Como acontece a cada cinco anos, os franceses vão às urnas para escolher o próximo presidente da República. AFP - LUDOVIC MARIN
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O suspense sobre o número de candidatos ficou pendente até o meio-dia desta segunda-feira, pelo horário local, quando o Conselho Constitucional anunciou oficialmente a lista dos 12 e confirmou que o candidato da esquerda radical Philippe Poutou, do NPA (Novo Partido Anticapitalista), havia conseguido chegar aos 500 apadrinhamentos, o que a ex-candidata de esquerda e ex-ministra da Justiça Christiane Taubira não havia conseguido - ela renunciou à sua candidatura na quarta-feira (2), diante da impossibilidade de conseguir o número de assinaturas de políticos eleitos, como determina a legislação eleitoral francesa. 

O prazo para conseguir os 500 "padrinhos" era até sexta-feira (4), último dia também para que os candidatos se declarassem ao órgão supremo. O deputado e também candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, que conseguiu ultrapassar as 500 assinaturas com folga, apadrinhou ele mesmo o candidato Philippe Poutou e foi à imprensa pedir que outros o fizessem. Graças ao seu apoio, Poutou, que é vereador de Bordeaux, conseguiu passar das 342 assinaturas que tinha no dia 1º de março às 500 necessárias para se candidatar. Ele tinha apenas 439 apoios na quinta-feira (3), de acordo com a última contagem oficial publicada.

Por outro lado, François Asselineau, candidato favorável ao Frexit (saída da França da União Europeia), que estava na disputa em 2017, não poderá concorrer novamente este ano.

Quem são os candidatos

Os 12 candidatos, que obtiveram as 500 assinaturas necessárias em pelo menos 30 departamentos diferentes são, na "ordem oficial" estabelecida por sorteio: Nathalie Arthaud (Luta Operária), Fabien Roussel (Partido Comunista Francês), Emmanuel Macron (A República em Marcha), Jean Lassalle (Vamos resistir!), Marine Le Pen (Reunião Nacional), Eric Zemmour (Reconquista!), Jean-Luc Mélenchon (A França Insubmissa), Anne Hidalgo (Partido Socialista), Yannick Jadot (Europa Ecologia Os Verdes), Valérie Pécresse (Os Republicanos), Philippe Poutou (Novo Partido Anticapitalista) e Nicolas Dupont-Aignan (A França De Pé, em tradução literal).

Enquanto Emmanuel Macron entra na luta por um segundo mandato, cinco dos candidatos já estão em sua terceira campanha presidencial: Jean-Luc Mélenchon, Marine Le Pen, Nicolas Dupont-Aignan, Philippe Poutou e Nathalie Arthaud foram candidatos nas eleições de 2012 e 2017.

Outros cinco são, pelo contrário, completamente novatos na corrida presidencial. Valérie Pécresse, Éric Zemmour, Fabien Roussel e Yannick Jadot (que retirou sua candidatura em 2017 em favor de Benoît Hamon, do Partido Socialista) e Anne Hidalgo apresentam suas candidaturas pela primeira vez. Jean Lassalle já foi candidato em 2017. 

Como funciona o sistema de apadrinhamento na França

Para concorrer ao maior cargo da República Francesa, é necessário reunir pelo menos 500 assinaturas de autoridades eleitas, que são chamadas de apadrinhamentos. Este sistema foi introduzido em 1962 para evitar a proliferação de candidatos. Mas até a eleição de 1974, eram necessárias apenas 100. A mudança do número de "padrinhos" de 100 para 500 se deu em 1976. 

Mais de 40 mil autoridades eleitas podem apadrinhar candidatos à presidência: deputados, senadores, funcionários eleitos regionais e departamentais, prefeitos, funcionários eleitos de certas autoridades locais, como a metrópole de Lyon ou o Conselho de Paris. Os "padrinhos" para um candidato devem vir de 30 departamentos diferentes e um mesmo departamento não pode fornecer mais de 10% dos "padrinhos" de um mesmo candidato.

Os formulários, enviados pelas prefeituras aos funcionários eleitos tinham de ser devolvidos ao Conselho Constitucional antes de 4 de março às 18h. À medida que recebia as assinaturas, a instituição as tornava públicas pelo menos duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras. Por isso o suspense sobre a viabilidade da candidatura de Poutou, que, na quinta-feira (3), tinha apenas 439 dos 500 "padrinhos" necessários. 

Qualquer cidadão francês com mais de 18 anos, em dia com seus direitos civis e políticos e não estando em nenhum caso de incapacidade previsto na lei, é elegível. No entanto, esta condição não é suficiente para se candidatar às eleições presidenciais: por isso foi criado em 1962 esse sistema de filtragem, que se baseia na necessidade de obter o apadrinhamento de um certo número de eleitos.

Durante as três primeiras eleições presidenciais por sufrágio universal direto (1965, 1969 e 1974), foi necessário o apoio de 100 funcionários eleitos. Esta regra limitou o número de candidatos para as eleições de 1965 (6 candidatos) e 1969 (7 candidatos), mas não funcionou tão bem em1974 (12 candidatos). Por isso, uma reforma foi adotada em 1976 para aumentar o número de assinaturas para 500. 

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