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Novos ataques terrestres e de drones atingem a Rússia na véspera das eleições

Novos ataques terrestres e de drones atingiram a Rússia na quinta-feira (14) matando pelo menos duas pessoas, poucas horas antes da abertura dos locais de votação para as eleições presidenciais. Vladimir Putin, por sua vez, ordenou aos russos que não “se desviassem do caminho” durante a votação, em alusão à própria candidatura.

Um membro de uma comissão eleitoral segura uma urna móvel durante a votação antecipada nas eleições presidenciais da Rússia no assentamento de Dubovoe, na região de Belgorod, Rússia, 11 de março de 2024.
Um membro de uma comissão eleitoral segura uma urna móvel durante a votação antecipada nas eleições presidenciais da Rússia no assentamento de Dubovoe, na região de Belgorod, Rússia, 11 de março de 2024. REUTERS - Stringer
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As incursões terrestres armadas e os ataques aéreos aumentaram nos últimos dias na Rússia, algumas vezes longe da fronteira com a Ucrânia. Eles ocorrem num momento em que os russos são chamados às urnas, de sexta a domingo, para uma eleição que pretende reconduzir triunfalmente Putin ao poder.

A Guarda Nacional Russa disse quinta-feira a meio do dia que repeliu com o Exército e os guardas de fronteira o ataque de um grupo de “sabotadores” perto da cidade de Tiotkino, na região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia.

Os ataques contra a pequena cidade, realizados por unidades da Ucrânia, que afirmam ser compostas por russos que se opõem ao Kremlin, já tinham ocorrido na terça-feira (12). Moscou garantiu que os agressores tinham sido dizimados.

A “Legião da Liberdade da Rússia”, um dos grupos por trás de anteriores incursões terrestres armadas, fez um apelo, na quinta-feira à evacuação de civis nesta área e prometeu “libertar as regiões russas” de Belgorod – também fronteiriça com a Ucrânia – e Kursk.

Um representante deste grupo, Alexei Baranovski, disse à televisão ucraniana que os “combates intensos” continuaram e se concentraram não apenas em torno de Tiotkino, mas também de Graivoron, na região de Belgorod.

Os militares russos divulgaram um vídeo sem data na quinta-feira que pretende mostrar a destruição das forças que tentam se infiltrar na região de Belgorod.

Ao mesmo tempo, os ataques de drones aumentaram nas regiões fronteiriças russas, mas também a centenas de quilômetros do front. Kiev prometeu retaliação pelos bombardeios que a Ucrânia tem sofrido há mais de dois anos.

"Não desviar do caminho" e votar

Belgorod e sua capital (que tem o mesmo nome) são particularmente visados. Na quinta-feira, dois civis morreram e pelo menos 19 ficaram feridos, disse o governador, após três ataques de drones durante o dia.

As autoridades regionais anunciaram que vão fechar temporariamente os centros comerciais para evitar novas vítimas. Neste contexto tenso, Vladimir Putin, no poder há 24 anos, disse que "não devemos nos desviar do caminho” e votar nas eleições presidenciais para expressar uma posição “patriótica”.

O chefe de estado enfrentará três candidatos que não se opõem nem à ofensiva na Ucrânia, nem à repressão, que erradicou toda a oposição ao governo de Putin, e que culminou com a morte na prisão, em fevereiro, do principal crítico do Kremlin, Alexeï Navalny.

Putin, que apresenta o conflito como uma guerra contra o Ocidente em que a sobrevivência da Rússia está em jogo, falou dos “tempos difíceis” que os russos atravessam, sem dar mais detalhes. O chefe de estado mostra conquistas recentes na Ucrânia, em particular a captura da cidade de Avdiivka, em fevereiro, como prova de que sua campanha militar está no caminho certo, apesar das perdas significativas.

Falta de ajuda a Kiev

As forças russas avançam no leste da Ucrânia, especialmente devido ao esgotamento da ajuda ocidental a Kiev.

Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, estimou quinta-feira que os países da aliança não davam “munições suficientes” a Kiev e que isso tinha “consequências todos os dias no campo de batalha”.

Além disso, para ele, “as eleições na Rússia não serão livres nem justas”. A diplomacia ucraniana, por sua vez, pediu à comunidade internacional para rejeitar o resultado destas eleições, que qualifica como uma “farsa”.

As eleições presidenciais, que se realizam durante três dias, começam com a abertura das seções de voto no extremo oriente do país, às 8h00 locais de sexta-feira (17h00 de quinta-feira em Brasília) e terminarão com o encerramento das assembleias de voto em Kaliningrado, no mar Báltico, no domingo.

O único verdadeiro adversário que tentou concorrer nas eleições, Boris Nadejdine, teve sua candidatura rejeitada.

A viúva de Alexeï Navalny, Yulia Navalnaya, que prometeu continuar sua luta, pediu aos russos para protestarem votando em qualquer um dos candidatos, exceto Putin.

Em resposta a este apelo, o Ministério Público de Moscou alertou na quinta-feira os russos contra protestos durante a votação, que seriam “puníveis de acordo com a legislação atual”.

(Com AFP)

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