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Centenas de tratores bloqueiam estradas em protestos de agricultores na Espanha, a 'horta da Europa'

Agricultores com tratores mais uma vez bloquearam estradas e infraestruturas na Espanha nesta quarta-feira (7) para protestar contra a política agrícola europeia e a situação precária do setor, que o governo espanhol se comprometeu a combater. O país, frequentemente descrito como a "horta da Europa", é o principal exportador de frutas e legumes do continente. No entanto, muitas propriedades rurais espanholas estão passando por dificuldades, principalmente devido à falta de chuvas.

Agricultores espanhóis dirigem trator carregando um cartaz com os dizeres "Produtores e consumidores enganados, lei da cadeia alimentar, o campo está morrendo" durante uma manifestação pedindo condições justas para o setor agrícola, em Burgos, norte da Espanha, em 6 de fevereiro de 2024.
Agricultores espanhóis dirigem trator carregando um cartaz com os dizeres "Produtores e consumidores enganados, lei da cadeia alimentar, o campo está morrendo" durante uma manifestação pedindo condições justas para o setor agrícola, em Burgos, norte da Espanha, em 6 de fevereiro de 2024. AFP - CESAR MANSO
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Os manifestantes espanhóis, mobilizados por meio de grupos de Whatsapp, reuniram-se em dezenas de estradas pelo segundo dia consecutivo, principalmente em Castilla-La Mancha (centro), Andaluzia (sul), Navarra (norte) e Catalunha (nordeste), de acordo com a Direção Geral de Trânsito da Espanha.

Na Catalunha, centenas de tratores convergiram durante a manhã para Barcelona, onde uma manifestação estava planejada para a tarde desta quarta-feira (7) em frente ao governo regional catalão, que prometeu receber uma delegação de manifestantes.

As manifestações, pontuadas por buzinas, causaram grandes engarrafamentos. Protestos de agricultores também causaram transtornos na França, na fronteira com a região espanhola, onde as autoridades introduziram o estacionamento obrigatório para veículos pesados na manhã desta quarta-feira.

Em Málaga (Andaluzia), onde o acesso ao porto foi bloqueado na terça-feira, várias dezenas de tratores paralisaram novamente o tráfego em várias estradas, de acordo com a prefeitura. O acesso ao porto de Castellon, na região de Valência (leste), também ficou bloqueado por várias horas.

Em outras partes do país, vários centros de logística também foram bloqueados pelos manifestantes, gerando tensões ocasionais com a polícia. Em Granada (sul), cinco agricultores foram presos após brigas, de acordo com a mídia local.

Em uma declaração, a Confederação Espanhola de Transporte de Carga (CETM) pediu às autoridades que "tomem providências para evitar" que o setor seja "refém das manifestações". "Entendemos" os agricultores, mas "as principais vítimas" do movimento "são, em última análise, as empresas", insistiu.

Apoiados pelos sindicatos

Os manifestantes espanhóis são apoiados pelos principais sindicatos agrícolas (Asaja, Coag e UPA), que não iniciaram as manifestações desta quarta-feira, mas que planejaram outros protestos nos próximos dias, principalmente na quinta-feira (8) em Salamanca (noroeste) e na sexta-feira (9) em Bilbao (norte).

Assim como seus colegas europeus, que continuam mobilizados em vários países, principalmente na Itália e na França, eles denunciam uma política europeia complexa demais, com padrões excessivamente restritivos, preços baixos e o que consideram ser uma "concorrência desleal dos produtos estrangeiros".

"Esses são problemas que temos levantado" há muito tempo "sem obter respostas adequadas", disse Marcos Alarcón, secretário-geral da UPA, à rádio pública RNE nesta quarta-feira, pedindo "unidade" entre os agricultores diante dos pedidos de protestos dispersos.

Questionado no Parlamento espanhol na quarta-feira, o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez garantiu que estava "ao lado dos agricultores" e destacou os esforços feitos nos últimos anos para apoiar o setor, principalmente diante da seca que o país enfrenta há três anos.

O chefe de governo também se comprometeu a melhorar a lei de 2013 sobre a cadeia alimentar para evitar que os agricultores espanhóis vendam seus produtos com prejuízo e simplificar a implementação da Política Agrícola Comum (PAC), que os agricultores consideram excessivamente burocrática.

"Estendemos nossa mão para prosseguir na busca de soluções por meio do diálogo", disse o ministro da Agricultura, Luis Planas.

(Com AFP)

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