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Homem condenado por canibalismo é agraciado por Putin, após lutar na Ucrânia

Um homem condenado a 20 anos de prisão em 2010 por homicídio e canibalismo foi perdoado pelo presidente Vladimir Putin, após ter se alistado para lutar na Ucrânia, segundo a imprensa russa. O caso abriu um tímido debate na Rússia sobre a pertinência da política de concessão da graça presidencial, defendida pelo Kremlin.

Um outdoor no centro de Moscou elogiando os feitos dos soldados russos na Ucrânia, em 16 de novembro de 2022.
Um outdoor no centro de Moscou elogiando os feitos dos soldados russos na Ucrânia, em 16 de novembro de 2022. © AP
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Nikolai Ogolobiak, condenado a 20 anos de prisão em 2010. O caso gerou polêmica na Rússia e exigiu uma longa investigação. Um grupo de jovens, todos adolescentes na época dos acontecimentos e alegando pertencer a uma seita satanista, foi condenado pelos assassinatos de outros quatro adolescentes, a facadas.

Os corpos das vítimas foram cortados em pedaços e comidos pelos assassinos. Um deles – Nikolai Ogolobiak – foi condenado e, agora, perdoado por Putin. Ele voltou para casa no início de novembro, após cumprir seis meses de serviço no front ucraniano, segundo o portal de notícias 76.ru.

As famílias das vítimas descobriram por acaso que ele tinha sido perdoado, depois que ele voltou para casa. Próximos de vítimas de outros casos denunciaram a medida e alegaram não estarem sendo informados destas libertações.

O governo russo, questionado mais uma vez sobre o assunto na quarta-feira (22), não prevê qualquer mudança. “A questão não é nova”, observou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, “mas repito, são condições específicas [de perdão presidencial], ligadas à presença na linha do front, a uma certa duração no combate, à participação em grupos de assalto”, explicou, acrescentando que “não haverá revisão” da política.

Jornalista assassinada

Antes de Ogolobiak, o perdão do ex-policial Sergei Khadzhikurbanov também gerou debate.  Khadzhikurbanov foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato da jornalista Anna Politkovskaya, em 2006. Ela trabalhava para o jornal independente Novaya Gazeta e era uma crítica do governo de Vladimir Putin.

A morte da jornalista, que foi assassinada a tiros em Moscou em 7 de outubro de 2006, dia do aniversário do presidente russo, é um dos assassinatos de maior repercussão da era Putin, que está no poder na Rússia desde 2000.

Dezenas de milhares de presos russos juntaram-se ao front na Ucrânia, contratados por grupos paramilitares como o Wagner. Se sobrevivem a seis meses de combates, eles podem ser agraciados. Esses homens costumam servir nas áreas mais perigosas do conflito e, como admitiu o falecido chefe de Wagner, Yevgeny Prigozhin, eram usados ​​como 'bucha de canhão'.

(RFI e AFP)

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