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Orquestra Criança Cidadã do Recife apresenta "Concerto pela Paz" no Vaticano

A Orquestra Criança Cidadã, formada por jovens músicos da periferia de Recife, apresentou neste sábado (4), na Sala Paulo VI, no Vaticano, em Roma, o Concerto pela Paz, com a presença do papa Francisco.

Orquestra Criança Cidadã, de Recife, apresenta concerto para papa Francisco neste domingo (5).
Orquestra Criança Cidadã, de Recife, apresenta concerto para papa Francisco neste domingo (5). © Gina Marques/RFI
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

“A Orquestra Criança Cidadã está aqui para mostrar que, na Arte, não há guerra. Aqui, no Vaticano, queremos que esse evento artístico seja uma semente frutífera de paz para todas as nações” disse o fundador da orquestra, João José Rocha Targino, diante do papa e antes da apresentação ao público, de aproximadamente 8 mil pessoas.

“Vejamos esta orquestra que está se esforçando pela paz. Vejamos esta oliveira, aqui, um sinal de paz. A guerra destrói tudo, tudo. Tira a humanidade” disse o pontífice.

Francisco também lembrou que, no dia 2 de novembro, celebrou a missa no cemitério militar em Roma, que abriga os restos de soldados pertencentes ao Commonwealth que morreram na capital italiana, durante a Segunda Guerra Mundial.

"Ao entrar, observei nos túmulos as idades dos mortos: todos jovens, entre 20 e 30 anos. A guerra destrói a juventude, não faz outra coisa senão destruir. Por favor, vamos lutar pela paz", pediu o papa.

Orquestra Criança Cidadã, do Recife, se apresenta no Vaticano
Orquestra Criança Cidadã, do Recife, se apresenta no Vaticano © Divulgação

Duas apresentações

A orquestra brasileira fez duas  apresentações. A primeira aconteceu nesta sexta-feira no Altar-mor da Basílica de São Pedro, onde também tocaram ao lado de 12 italianos, oito ucranianos e oito russos.

Os eventos foram organizados pelo Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica (Charis Internacional) e pela Comunidade Obra de Maria, com apoio da Fondazione Cavalsassi.

Os músicos que formam a Orquestra Criança Cidadã residem em Coque, bairro pobre de Recife com um dos piores índices de desenvolvimento humano. Alguns deles moram em Camela, um distrito da cidade de Ipojuca, na região metropolitana da cidade. O projeto surgiu em 2005 para dar uma oportunidade, através da música, às crianças e jovens da região.

Dos 700 jovens atendidos ao longo dos 18 anos do projeto, vários seguiram a carreira artística, optaram por cursar faculdade de Música ou obtiveram ajuda para ingressar no mercado de trabalho através de um programa de aprendizagem profissional. Muitos puderam se especializar nas na construção de instrumentos e de arcos de madeira para instrumentos de corda.

“Entram na Orquestra Criança Cidadã crianças a partir de 7 anos de idade, que concluem a formação com 21 anos. Agora estamos na segunda geração de jovens que se profissionalizam através da música. Já temos músicos na Orquestra Filarmônica de Israel, na Sinfônica de Recife e de Goias” disse o coordenador musical e regente da orquestra José Renato Accioly à RFI.    

Na orquestra, os jovens recebem não somente aulas de instrumentos de cordas, sopros e percussão, mas também teoria musical, canto coral e apoio pedagógico, alimentação e atendimento psicológico, médico e odontológico.

Segundo o maestro Accioly, o contato com a música de orquestra sensibiliza e socializa não só as crianças e jovens que integram a orquestra como também suas famílias e as comunidades onde vivem.

Oportunidade internacional

Alguns músicos completam a carreira no exterior. Antonino Tertuliano integrou o projeto em 2006, na sua primeira formação. Hoje ele está na Filarmônica de Israel. Ainda este ano, irá para a Austrália cursar mestrado em contrabaixo.

“Esta foi a nossa segunda viagem internacional deste ano, estivemos em Israel durante a Festa de Pentecostes. Já nos apresentamos também na Alemanha, Argentina e Estados Unidos. O contato com o exterior faz parte da formação da cidadania” afirma Accioly.

A violinista Laura Peures tem 13 anos e começou estudar na Orquestra Criança Cidadã em 2018. Ela vive em Ipojuca, a cerca de 40 quilômetros da capital pernambucana. 

“Eu me sinto feliz pela oportunidade de integrar esta orquestra. A música é muito importante para mim. Além disso, nunca pensei que um dia pudesse tocar para o papa pessoalmente. É maravilhoso” disse a jovem à RFI

O repertório dos concertos no Vaticano incluiu músicas de Mykola Leontovich, Sergei Rachmaninov, Johann Sebastian Bach, Antonio Vivaldi, Astor Piazzolla, e dos brasileiros Heitor Villa-Lobos e Ary Barroso, além do pernambucano de Caruaru Clóvis Pereira.

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