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Prêmio Sakharov vai para movimento de mulheres iranianas e jovem morta por polícia moral do Irã

O Parlamento Europeu anunciou, nesta quinta-feira (19), que concedeu o prêmio Sakharov à Liberdade de Consciência ao movimento iraniano "Mulher, Vida e Liberdade" e à jovem de origem curda Mahsa Amini, morta em 2022 quando estava sob custódia policial, por usar o véu islâmico de maneira "inapropriada".

Retrato de Mahsa Amini durante um protesto junto à Embaixada do Irão em Bruxelas. 23 de Setembro de 2023.
Retrato de Mahsa Amini durante um protesto junto à Embaixada do Irão em Bruxelas. 23 de Setembro de 2023. AFP - KENZO TRIBOUILLARD
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Ao anunciar o prêmio, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse que a morte de Amini "deu início a um movimento liderado por mulheres que está fazendo história". 

De acordo com ela, o slogan "Mulher, Vida e Liberdade" se transformou em um símbolo de união para as mulheres que defendem a igualdade, a dignidade e a liberdade no Irã". O prêmio é a mais alta distinção da UE pelos direitos humanos.

No processo de seleção, Amini e o movimento que ela inspirou receberam o apoio dos três principais blocos políticos representados no Parlamento Europeu. 

O reconhecimento de Mahsa Amini acontece duas semanas após o anúncio do prêmio Nobel da Paz para a ativista iraniana Narges Mohammadi, de 51 anos, que está atualmente detida na prisão de Evin, em Teerã.

O prêmio Sakharov à Liberdade de Consciência é concedido anualmente pelo Parlamento Europeu e presta homenagem ao físico nuclear e dissidente soviético Andrei Sakharov, prêmio Nobel da Paz de 1975. Ele inclui uma recompensa de € 50 mil euros (R$ 268 mil) e será entregue no dia 13 de dezembro. Em 2022, o prêmio Sakharov foi concedido ao povo da Ucrânia.

Mahsa Amini foi detida em setembro do ano passado pela Polícia da Moralidade do Irã por supostamente violar o código de vestimenta do país. Ela morreu quando estava sob custódia policial, aos 22 anos.

A morte da jovem provocou protestos no Irã contra os dirigentes políticos e religiosos iranianos e gerou a criação do movimento "Mulher, Vida e Liberdade", considerado com um dos maiores desafios para as autoridades iranianas desde 1979. A repressão contra os protestos resultou em centenas de mortes e milhares de prisões.

Situação é desesperadora, diz Parlamento da UE

Além de Mahsa Amini, os outros finalistas eram dois militantes nicaraguenses para os direitos humanos, Vilma Nunez de Escorcia e o cardeal Rolando José Alvarez Lagos, além de três militantes pelo direito ao aborto, a polonesa Justyna Wydrzynska, a salvadorenha Morena Herrera e o americano Colleen McNicholas.

O Parlamento Europeu condenou a repressão contra os protestos pelas autoridades iranianas e qualificou a situação dos direitos humanos no país de "desesperadora."

Na última terça-feira, a advogada da família de Mahsa Amini, Saleh Nikbakht, foi condenada pela justiça iraniana a um ano de prisão por propaganda contra o Estado, depois de ter dado entrevistas à imprensa estrangeira sobre o caso.

Em outubro de 2022, os eurodeputados pediram sanções contra o regime e solicitaram que os Guardiões da Revolução sejam inscritos, em janeiro de 2023, na lista de organizações consideradas terroristas pelo bloco. 

Para marcar o aniversário da morte de Mahsa Amini, os Estados Unidos, a UE e o Reino Unido anunciaram, em setembro, novas sanções contra políticos iranianos e membros das forças de segurança.

Com informações da AFP

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