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Naufrágio: 41 pessoas estão desaparecidas após nova tragédia na rota migratória mais mortal do mundo

Quarenta e uma pessoas, incluindo três crianças, estão desaparecidas após o naufrágio de um barco que partiu de Sfax (Tunísia) na quinta-feira (3) com 45 migrantes a bordo, de acordo com o testemunho de quatro sobreviventes citados pela ONU na Itália. Em uma declaração conjunta emitida nesta quarta-feira (9), a Agência de Refugiados das Nações Unidas (Acnur), a Unicef e a Agência de Migração (OIM) lamentaram o "terrível naufrágio no Mediterrâneo".

Imagem ilustrativa de corpos resgatados após um dos numerosos naufrágios no Mediterrâneo em 2023.
Imagem ilustrativa de corpos resgatados após um dos numerosos naufrágios no Mediterrâneo em 2023. REUTERS/Giorgos Moutafis
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Sfax é conhecida como a cidade tunisiana que está no epicentro da imigração ilegal. O barco improvisado havia partido em uma data não especificada de uma praia ao norte de Sfax, em frente às ilhas Kerkennah.

A municipalidade fica a cerca de 130 km da ilha italiana de Lampedusa e, desde o início de 2023, tem sido o principal ponto de partida para milhares de migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo rumo à Europa.

Entre 1º de janeiro e 20 de julho, 901 corpos de migrantes foram recuperados das águas da Tunísia, a maioria deles da África subsaariana, de acordo com dados oficiais do país.

"A barcaça de ferro teria virado diante de "condições climáticas que tornaram muito perigosa a travessia nesses pequenos botes, que não são adequados para navegação", de acordo com o comunicado oficial. "Isso demonstra a absoluta falta de escrúpulos dos traficantes que, dessa forma, expõem migrantes e refugiados a riscos muito altos de morte no mar", denunciaram em conjunto as três agências da ONU.

Rota migratória mais mortal do mundo

De acordo com os números compilados pelas Nações Unidas, mais de 1,8 mil pessoas já morreram desde janeiro em naufrágios no Mediterrâneo central, a rota migratória mais mortal do mundo. Esse número é mais do que o dobro do registrado no ano passado.

Os quatro sobreviventes - um menor desacompanhado de 13 anos, uma mulher e dois homens - foram resgatados por um navio mercante e desembarcaram nesta quarta-feira na pequena ilha italiana de Lampedusa, localizada entre a Tunísia e a Sicília.

Diante dessa última tragédia, as três agências da ONU "reafirmam a necessidade de mecanismos coordenados de busca e resgate e continuam a pedir aos Estados que aumentem os recursos e as capacidades para cumprir efetivamente suas responsabilidades".

Cerca de 94 mil migrantes chegaram à costa italiana desde o início do ano, mais do que o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado, de acordo com dados publicados pelo Ministério do Interior.

Mediterrâneo, um cemitério a céu aberto

De acordo com as últimas estatísticas do Acnur, desde o início de 2023, mais de 87 mil migrantes desembarcaram ilegalmente na Itália, vindos principalmente da Tunísia, e o restante da Líbia.

O Mediterrâneo central, entre o norte da África e a Itália, é a rota migratória mais perigosa do mundo, com mais de 20 mil mortes desde 2014, de acordo com a OIM.

Racismo interno acelera travessias

A saída de migrantes da África subsaariana acelerou após um discurso em 21 de fevereiro do presidente da Tunísia, Kais Saied, denunciando a chegada de "hordas de migrantes" que, em sua opinião, vieram para "mudar a composição demográfica" de seu país.

Após a morte, em 3 de julho, de um tunisiano em uma briga entre migrantes e moradores locais, centenas de africanos negros foram expulsos de Sfax. Muitos decidiram tentar a travessia.

E pelo menos 2 mil africanos, de acordo com novos dados fornecidos por uma fonte humanitária à  agência AFP, foram levados pela polícia tunisiana para as fronteiras com a Líbia e a Argélia e abandonados em áreas desérticas.

Pelo menos 25 pessoas morreram no deserto da Tunísia e da Líbia desde o início de julho, de acordo com os últimos números de fontes humanitárias.

(Com AFP)

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