Kiev acusa Moscou de usar armas químicas e atacar equipes de resgate
Novos bombardeios russos, desta vez contra a cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, deixaram pelo menos sete mortos e 67 feridos. Kiev acusa Moscou de usar armas químicas contra seus soldados e de atacar equipes de resgate, aumentando ainda mais o número de vítimas.
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Emmanuelle Chaze, correspondente da RFI em Kiev
Apenas na segunda-feira (7), o centro de Pokrovsk, cidade localizada bem próxima da linha de frente na região de Donetsk, foi alvo duas vezes das investidas russas. As operações de resgate, interrompidas durante a noite devido ao risco de novos bombardeios, foram retomadas na madrugada desta terça-feira (8), informou o ministro do Interior ucraniano, Igor Klymenko.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou na segunda-feira que a Rússia havia atingido “um prédio residencial”. “Dois mísseis. Um prédio residencial atingido. Infelizmente, há vítimas”, postou o chefe de Estado ucraniano na rede social X (antigo Twitter).
Na publicação, Zelensky veicula um vídeo mostrando pessoas removendo os escombros de um prédio de cinco andares, ainda da era soviética, em que o último andar foi completamente destruído pelo bombardeio.
O local atacado é um complexo residencial, onde se encontra um restaurante muito popular, frequentado por jornalistas ucranianos e estrangeiros, além de voluntários, soldados em dias de folga e famílias com crianças.
O exército russo, por sua vez, afirmou nesta terça-feira ter atingido um centro de comando militar ucraniano em Pokrovsk: “Na área da localidade de Krasnoarmeïsk (nome soviético de Pokrovsk) (...) O centro do grupo ucraniano ‘Khortytsia’ foi atingido”, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov.
The city of Pokrovsk, Donetsk region. Donbas, from which Russia is trying to leave only broken and scorched stones. Two missile strikes. An ordinary residential building was hit. Unfortunately, there are victims. Rescuers and all necessary services are on the scene. The rescue of… pic.twitter.com/zsIA7dR6HR
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 7, 2023
Estratégia russa
Os ataques de segunda-feira foram particularmente traumáticos para a população por utilizar, pelo menos duas vezes, um método usado com frequência pelos russos, principalmente em Kherson, mas também em seus ataques na Síria: um primeiro ataque contra civis, seguido por uma pausa para aguardar a chegada de resgate, e então um novo ataque, fazendo muitas vítimas entre os socorristas.
Das 67 pessoas feridas no ataque a Pokrovsk, duas são crianças, 27 são policiais, além de sete paramédicos. Entre os 7 mortos estaria o delegado-chefe de resgate da região de Donetsk, coronel Andriy Omelchenko.
Cloropricina, gás venenoso
A Ucrânia também afirma que armas químicas foram usadas por forças russas contra soldados ucranianos. De acordo com Kiev, houve o uso de cloropricina, um gás venenoso desenvolvido pela Rússia e usado nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial.
“O inimigo continua a usar munições químicas, violando todas as convenções", denunciou o general Oleksandr Tarnavskyi, comandante do grupo operacional estratégico em Tavria.
De acordo com o comandante ucraniano, o gás foi lançado durante duas sequências de ataque contra Novovasylivka, cidade da região de Zaporíjia. O cloropricina é uma arma proibida pelo direito internacional, lembrando que a Rússia é signatária da convenção contra o uso de armas químicas, o que proíbe o país de possuir ou produzir o produto, e principalmente de utilizá-lo.
Contraofensiva
O bombardeio ocorre após ataques ucranianos a duas pontes rodoviárias importantes às vias terrestres russas que ligam a Crimeia e a região de Kherson. Os ataques levaram as forças russas a redirecionarem o tráfego rodoviário das rotas de curta distância no leste para rotas mais longas no oeste, o que deve comprometer a logística da região.
Ainda assim, o avanço da contraofensiva ucraniana continua sendo fortemente questionado. Para Lukas Aubin, diretor de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas da França (IRIS), as manobras da contraofensiva ainda seriam “insignificantes” no contexto do conflito.
(Com informações da AFP)
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