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Julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado na Terra, aponta serviço climático europeu

O serviço europeu Copernicus confirmou nesta na terça-feira (8) que julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado no planeta Terra, um recorde com "consequências desastrosas", afirmam os especialistas. O boletim divulgado hoje confirma a expectativa que os cientistas já tinham e que levou autoridades a falar que entramos num estágio posterior ao aquecimento global.

A Cruz Vermelha grega distribui garrafas de água aos turistas devido à onda de calor, em 13 de julho de 2023, em Atenas.
A Cruz Vermelha grega distribui garrafas de água aos turistas devido à onda de calor, em 13 de julho de 2023, em Atenas. © AFP / ANGELOS TZORTZINIS
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Marcado por ondas de calor e incêndios em todo o mundo, o mês passado foi 0,33°C mais quente do que o recorde até então (julho de 2019, que havia atingido 16,63°C em média). A temperatura do ar também foi 0,72°C mais quente do que a média (1991-2020) de julho, afirmou o serviço que é ligado ao Programa Espacial da União Europeia.

Em 27 de julho, antes mesmo do fim do mês, os cientistas consideravam "extremamente provável" que julho de 2023 fosse o mês mais quente já registrado. Uma observação preocupante e que fez o secretário-geral da ONU, António Guterres, dizer que a humanidade tinha saído da era do aquecimento global para entrar na da “fervura global”.

Águas mais quentes

Os oceanos também testemunham essa tendência preocupante, com temperaturas na superfície acima do normal desde abril e níveis sem precedentes em julho. Um recorde absoluto foi alcançado em 30 de julho com 20,96°C e, durante todo o mês, a temperatura da superfície do oceano ficou 0,51°C acima da média (1991-2020).

"Acabamos de testemunhar novos recordes para as temperaturas globais do ar e da superfície oceânica em julho. Esses recordes têm consequências terríveis para as pessoas e para o planeta, exposto a eventos mais extremos, frequentes e intensos", explicou Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço Europeu Copernicus sobre Alterações Climáticas (C3S).

Eventos extremos em diversos países

Os sinais do aquecimento global causado pelas atividades humanas - a começar pelo uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) - têm aparecido simultaneamente em todo o mundo. Basta olharmos o noticiário internacional para constatar que as consequências do aquecimento estão por toda a parte. A Grécia foi parcialmente devastada pelas chamas, assim como o Canadá, país que também registra terríveis inundações, enquanto o calor extremo assola o sul da Europa, o norte de África, o sul dos Estados Unidos e parte da China, que também testemunhou chuvas torrenciais...

Recentemente, a rede científica World Weather Attribution (WWA) concluiu que essas ondas de calor na Europa e nos Estados Unidos teriam sido "praticamente impossíveis" sem o efeito da atividade humana.

Menos gelo no polo Sul

O Copernicus também indica que o gelo marinho da Antártica atingiu sua menor extensão em um mês de julho desde o início das observações por satélite, atingindo um valor 15% abaixo da média para este mês.

Samantha Burgess também aponta que “2023 é o terceiro ano mais quente até agora com 0,43°C acima da média recente” e “uma temperatura média global em julho 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”.

Este valor de 1,5°C é altamente simbólico porque é o limite mais ambicioso estabelecido pelo acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global. No entanto, o limite referido neste acordo internacional refere-se a médias de muitos anos e não de um único mês.

“Mesmo que tudo isso seja apenas temporário, mostra a urgência de fazer esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, que são a principal causa desses recordes”, conclui Burgess.

Para reforçar a preocupação, Copernicus lembra que o ano de 2023 pode bater ainda mais recordes em razão do fenômeno climático El Niño sobre o Oceano Pacífico, o que segundo os cientistas é sinônimo de aquecimento global adicional.

 

(Com informações da AFP)

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