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Na Jornada Mundial da Juventude, Papa Francisco critica a União Europeia e pede promoção da paz

O Papa Francisco desembarcou em Lisboa, cidade-sede da Jornada Mundial da Juventude, na manhã desta quarta-feira (02). Durante o primeiro discurso, o chefe da Igreja Católica deu um puxão de orelha na União Europeia: “estamos agora numa tempestade, é necessário enveredar por rotas corajosas de paz”.

Papa Francisco participou de encontros com autoridades portuguesas no seu primeiro dia de visita a Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude.
Papa Francisco participou de encontros com autoridades portuguesas no seu primeiro dia de visita a Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude. AP - Ana Brigida
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Caroline Ribeiro, correspondente da RFI em Lisboa

Com uma fala crítica, mas sereno, Francisco destacou que a União Europeia e o Ocidente têm um papel fundamental na promoção da paz mundial. “A Europa deve oferecer recursos de paz, meios criativos para pôr fim à guerra na Ucrânia e aos conflitos que ensanguentam o mundo”.

Relembrando os “pais fundadores” do bloco europeu, o Papa destacou que “a velha Europa precisa que o seu papel de pacificadora no Mediterrâneo, na África, Oriente Médio, leve aos cenários internacionais a sua originalidade. No século passado, viu-se que, na Europa, foi possível reencontrar o sonho da reaproximação com os inimigos de ontem para a inclusão da diplomacia da paz que afasta os conflitos”.

Meio ambiente e jovens

O tom político do discurso também englobou a crise climática. “Os oceanos aquecem, a situação climática mostra até que ponto estragamos a nossa casa comum. O ambiente tem que ser protegido com ternura”, afirmou. 

"Investimentos em saúde, educação, estado social, são essenciais. Investe-se tanto nas armas e não se investe no futuro dos filhos”, acrescentou o Papa, reforçando que os “jovens são o futuro” num momento em que o mundo vive uma “cultura do desprezo pela vida”.

Abusos sexuais de fora

Francisco desembarcou em Lisboa, onde fica até domingo (6), para iniciar a agenda da  37ª Jornada Mundial da Juventude, que começou nesta terça-feira (1) e que, segundo números oficiais da polícia, juntou 200 mil participantes na missa de abertura.

De cadeira de rodas em alguns momentos, o Papa proferiu o primeiro discurso depois de um encontro privado com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e teve na plateia autoridades do país e líderes católicos.

Um dos temas mais polêmicos no país atualmente, o abuso sexual de crianças cometido no seio da Igreja, ficou de fora da primeira intervenção do Papa. No último mês de fevereiro, uma comissão que investigou documentos religiosos datados de 1950 até 2022 apresentou um relatório que identifica 4.815 casos de pedofilia cometidos por membros da Igreja Católica durante o período.

Durante esta madrugada, antes da chegada do Papa, um grupo ativista instalou outdoors em pontos movimentados de Lisboa com uma mensagem em língua inglesa que diz “4.800 crianças abusadas pela Igreja Católica em Portugal”. O objetivo do grupo, que arrecadou dinheiro para as instalações através de uma campanha nas redes sociais, é “não esquecer” as vítimas.

Ainda durante os preparativos para a JMJ, a organização do evento chegou a dizer que construiria um memorial em honra das crianças abusadas. O projeto nunca chegou a ter uma data de execução e, até agora, não há nada na programação do evento em relação ao tema.

No entanto, o Papa Francisco deve ter um encontro reservado com algumas vítimas identificadas pela comissão investigadora. De acordo com o coordenador da JMJ, Bispo Américo Aguiar, a ação não consta na agenda oficial do Papa para salvaguardar as vítimas.

Primeira JMJ pós-pandemia

Esta é a quarta Jornada Mundial da Juventude liderada pelo Papa Francisco. A primeira foi a do Brasil, em 2013, logo após assumir a liderança da Igreja Católica.

A JMJ é considerada o maior evento internacional realizado pela Igreja Católica e retorna depois de uma parada mais longa, de 4 anos, por causa da pandemia. As autoridades locais definem a Jornada como o maior evento público já realizado em Portugal.

Em meio às críticas sobre o excessivo gasto de dinheiro público com o evento, a organização e a prefeitura de Lisboa prevê receber um milhão de pessoas na cidade durante os seis dias de evento.

O Itamaraty estima a participação de vinte mil brasileiros e lançou uma cartilha com orientações para a viagem, estadia e segurança. O Consulado do Brasil em Lisboa vai ter atendimento telefônico exclusivo para emergências durante a Jornada e recomenda que os participantes se protejam das altas temperaturas registradas neste período com chapéus, protetor solar e muita hidratação.

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