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Amazônia, Ucrânia, Assange, Macron: veja as declarações de Lula após a coroação de Charles III

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, deu uma entrevista coletiva neste sábado (6) em seu hotel, em Londres, logo após a cerimônia de coroação do rei britânico Charles III, quando comentou vários assuntos da pauta nacional e internacional. O avião presidencial brasileiro já decolou de volta para o Brasil.

Luiz Inácio Lula da Silva deixa Londres neste sábado, 6 de maio, para retornar ao Brasil. Antes, ele realizou pronunciamento à imprensa em seu hotel, em Londres.
Luiz Inácio Lula da Silva deixa Londres neste sábado, 6 de maio, para retornar ao Brasil. Antes, ele realizou pronunciamento à imprensa em seu hotel, em Londres. AP
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

O presidente brasileiro disse que o rei Charles III lhe pediu para que o Brasil cuide da Floresta Amazônica no encontro que tiveram e ainda destacou a reunião com o premiê britânico, Rishi Sunak, para retomar as negociações comerciais entre os dois países. "A última vez que o Brasil veio aqui negociar foi no governo de Dilma Rousseff, precisamos retomar o comércio com o Reino Unido.(...) Depois que o país saiu da União Europeia, abriu-se um enorme campo de negociação para o Brasil", disse Lula aos jornalistas presentes.

O presidente Lula comparou ainda as conversas necessárias para negociar uma trégua na guerra entre Rússia e Ucrânia a palavras cruzadas. "São como palavras cruzadas. Vamos juntando as conversas e veremos quais palavras permitirão que as pessoas sentem ao redor de uma mesa.  E, para isso, as pessoas têm que parar de atirar. Esse é o meu dilema", disse.

Lula disse que esse seria o teor da conversa. Ele disse que pediu para que haja em breve um novo telefonema entre os líderes e que "não é segredo o que eu quero conversar".

Lula disse ainda que deseja conversar em breve com o presidente indiano, Narendra Modi, e lembrou que seu assessor especial, Celso Amorim, irá à Ucrânia no dia 10 de maio.

A jornalistas brasileiros, o presidente Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmando que ele "não tem compromisso com o Brasil", mas com o governo anterior, "que o indicou".

"O [Henrique] Meirelles tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele. Esse cidadão não tem. Não tem nenhum compromisso comigo. Tem compromisso com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta. Porque não há outra explicação", afirmou o presidente brasileiro.

Ele criticou declarações feitas por Campos Neto de que, para o país atingir a meta de inflação ao redor de 3%, seria necessário elevar os juros para algo perto de 20% ao ano. "Tá louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Então, se eu como presidente não puder reclamar dos equívocos do presidente do BC, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o BC tem autonomia, mas não é intocável", criticou Lula.

Apoio a Padilha na articulação

Lula da Silva afirmou que não mudará o comando da articulação política de seu governo, hoje a cargo do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Lula disse que Padilha será mantido, mesmo com as recentes derrotas do governo no Congresso. "O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política", disse Lula, após participar da cerimônia de coroação do rei Charles III.

Na última terça-feira, o projeto de lei das Fake News foi retirado de pauta por falta de apoio para ser aprovado. No dia seguinte, a Câmara derrubou decretos de Lula que alteravam o Marco do Saneamento Básico.

Encontro com Macron

Lula aproveitou a coroação para conversar com o presidente francês Emmanuel Macron, durante sua visita à Londres. Os dois estiveram juntos em recepção no Palacio de Buckingham na sexta (5) e estiveram lado a lado na Abadia de Westminster durante a coroação.

"Aproveitei que o Macron estava aí já. Quero conversar com ele a mesma conversa que já tinha tido com a China, que falei com ele por telefone. Porque alguém nesse mundo tem que se preocupar com a paz", afirmou. "Alguém nesse mundo vai ter tomar uma decisão de tentar convencer os que estão em guerra a pararem essa guerra para sentar em uma mesa e negociar", reiterou.

Apos finalizar sua visita oficial ao Reino Unido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o valor prometido pelos britânicos para o Fundo Amazônia, de R$ 500 milhoes, “não é suficiente". Ele aproveitou e cobrou dos países ricos o aporte prometido de US$ 100 bilhões aos países pobres para proteger suas florestas e combater a mudança do clima.

"Não é suficiente. É que eu não posso sair de uma reunião com um primeiro-ministro, um presidente, dizendo "o cara prometeu 10 reais, prometeu 20 reais. Não é decente da minha parte fazer isso. Eu quero é que eles cumpram sua promessa de US$ 100 bilhões de dólares para os países protegerem suas florestas, os que têm ainda. É por isso que eu vou na COP cobrar isso, é por isso que eu defendo uma nova governança global", apontou Lula.

Assange

Perguntado por uma jornalista o que achava da prisão de Julian Assange, a menos de 10km do local onde se encontravam, Lula agradeceu a oportunidade de falar sobre o assunto e disse considerar "um absurdo" que a imprensa mundial não se una numa campanha para liberar o jornalista.

"Ele foi preso por denunciar que um Estado vigiava os outros. Ele foi preso por contar uma falcatrua. Vocês vão continuar em silêncio? Me desculpem, mas liberdade na teoria é muito boa, quero ver é na prática", finalizou.

O Reino Unido analisa um pedido para extraditar Assange aos EUA, onde pode ser condenado a passar o resto da vida na cadeia. Assange está detido desde 2019, depois de sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres. Lula diz que vai ligar para Rishi Sunak quando voltar ao Brasil porque 'esqueceu' de falar do caso. 

"Eu até peço perdão porque, quando chegar no Brasil, vou ligar para o premier porque foi um assunto que eu esqueci de falar com ele. Eu já mandei carta para o Assange, já publiquei carta, já escrevi um artigo", disse Lula. "Eu acho que é preciso um movimento da imprensa mundial na defesa da liberdade de denunciar", concluiu.

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