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Acusado de assédio moral, vice-premiê britânico Dominic Raab renuncia e complica situação de Sunak

O vice-primeiro-ministro britânico, Dominic Raab, anunciou sua renúncia nesta sexta-feira (21), depois que um relatório independente determinou que ele cometeu assédio moral contra funcionários. A decisão é vista como um revés para o primeiro-ministro Rishi Sunak, de quem era um aliado próximo, e acumula escândalos em seu governo.

Dominic Raab era criticado por suas crises de raiva no trabalho e por alimentar uma "cultura do medo" entre seus colaboradores.
Dominic Raab era criticado por suas crises de raiva no trabalho e por alimentar uma "cultura do medo" entre seus colaboradores. AP - Virginia Mayo
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Com informações de Emeline Vin, correspondente da RFI em Londres, e AFP

"Escrevo para renunciar ao seu governo", escreveu Raab em uma carta a Sunak publicada no Twitter. "Pedi esta investigação e prometi renunciar se apurasse fatos de assédio, quaisquer que fossem. Acho importante respeitar minha palavra", acrescentou.

Raab, que também foi ministro da Justiça, disse que renunciaria se o relatório realizado pelo jurista Adam Tolley confirmasse as denúncias de assédio moral contra ele. No entanto, mesmo se cumpre a promessa, ele afirma que não aceita as conclusões do documento e diz que se considera “forçado a deixar o cargo”.

O relatório, que foi entregue ao primeiro-ministro na quinta-feira, "rejeitou todas as queixas, exceto duas", disse o ministro em sua carta de demissão, insistindo que ainda as considera "falsas". "Ao estabelecer um limite tão baixo para assédio, a investigação estabelece um precedente perigoso" no trabalho do governo, criticou. "Os ministros devem poder criticar diretamente" o trabalho dos altos funcionários, acrescentou, reconhecendo que "é claro que isso deve ser feito dentro de limites razoáveis".

A investigação começou após uma série de denúncias sobre seu comportamento quando foi ministro das Relações Exteriores e ministro do Brexit, assim como durante uma passagem pelo Ministério da Justiça. Uma reportagem do jornal The Guardian informou que alguns funcionários chegaram a cogitar pedir demissão quando sua nomeação como ministro da Justiça foi anunciada. Segundo o diário, Raab, que é lutador de karatê e fã de boxe, alimentava uma "cultura do medo" em um departamento dirigido por um "tirano", "grosseiro" e "agressivo".

Ministro jogava tomates nos colegas

O tabloide The Sun deu vários detalhes sobre os momentos de ira do ministro. De acordo com o jornal, ele chegou a jogar tomates nos colegas em um ataque de raiva durante uma reunião. Funcionários indicaram que Raab tratava os colaboradores com desprezo e frequentemente os levava às lágrimas.

O vice-premiê sempre negou essas acusações. Ele tentou justificar seu comportamento lembrando que seus cargos o colocam sob muita pressão. Mas isso não foi suficiente para evitar as críticas generalizadas da oposição.

Raab é o terceiro ministro a deixar o Executivo do premiê conservador Rishi Sunak e ofusca a promessa do chefe do governo de mostrar um pouco mais "integridade, profissionalismo e responsabilidade" após a sucessão de escândalos que marcaram o mandato de Boris Johnson.

Em novembro, Gavin Williamson, ministro sem pasta, renunciou devido a acusações de assédio. Em janeiro, Sunak teve que demitir o presidente do Partido Conservador, Nadhim Zahawi, que fazia parte do governo, por questões fiscais.

O novo escândalo chega em um momento ruim para o partido, com o país em plena crise social e econômica e duas semanas antes das eleições locais, que se anunciam complicadas para os conservadores.

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