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Exposição em Paris sobre Ramsés II traz sarcófago do faraó; França é único país da Europa a exibir a peça

A exposição Ramsés II et l’or des faraons (Ramsés II e o ouro dos faraós), sobre um dos principais faraós da história, abre as portas nesta sexta-feira (7), em Paris. A principal peça exposta é o sarcófago que protegeu a múmia do líder durante 2.900 anos, que vem a França pela segunda vez.

O sarcófago de Ramsés II em exposição na Grande Halle de la Villette na véspera da abertura da exposiçéao "Ramsés II & l'or des pharaons", em Paris, em 3 de abril de 2023.
O sarcófago de Ramsés II em exposição na Grande Halle de la Villette na véspera da abertura da exposiçéao "Ramsés II & l'or des pharaons", em Paris, em 3 de abril de 2023. REUTERS - SARAH MEYSSONNIER
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A exposição é composta por 180 peças originais. Algumas das relíquias expostas saem do Egito pela primeira vez e estão entre as mais preciosas do mundo, como o Tesouro de Tânis e uma estátua de Quéfren – faraó da IV dinastia durante o Império Antigo – a mais antiga obra em ouro puro oferecida ao rei, que mostra o talento dos ourives egípcios da época.

O tesouro também conta com um colar de ouro e pedras incrustadas que formam o nome de Psusenés I, terceiro faraó da XXI dinastia egípcia durante o Terceiro Período Intermediário. A peça pesa mais de 8 quilos e é composta de quase 5.000 argolas em 5 filas formando uma corrente decorada de pequenos sinos.

Joias, múmias e mobiliário de tumbas que não foram violadas da cidade de Tânis também fazem parte da exposição, que conta ainda com uma experiência de realidade virtual imersiva. 

O sarcófago chega diretamente de San Francisco, nos Estados Unidos, etapa precedente da exposição itinerante, e depois seguirá para Sidney, na Austrália. A peça exibe um desenho do rei com os braços cruzados em cima do peito, segurando um cetro heqa e o chicote nekhakha, na cabeça um lenço e a coroa ornada por uma serpente e uma barba postiça trançada no queixo.

 

Cartaz da exposição "Ramsés e o ouro dos faraós" que expõe até setembre 180 peças da idade do ouro egípcia.
Cartaz da exposição "Ramsés e o ouro dos faraós" que expõe até setembre 180 peças da idade do ouro egípcia. © Captura de Pantalla/La Villette

 

Mais que Tutancâmon

A exposição vai até 6 de setembro, na Grande Halle de La Villette, um centro cultural no oeste da capital francesa. Mais de 145.000 ingressos já foram vendidos para a exposição antes mesmo de sua abertura, de acordo com o World Heritage Exhibitions, que organiza o evento. Um número maior que o da exposição sobre Tutancâmon, visitada por 1,4 milhões de pessoas em 2019, que tinha vendido 120.000 no momento da inauguração.

A França é o único país da Europa a acolher as peças e o único a receber o sarcófago de Ramsés II, sem a múmia, graças a uma cooperação inédita entre o país e o Egito.

“No Egito temos 250 missões (arqueológicas) estrangeiras de 25 países. As mais numerosas, 54, são constituídas por franceses”, precisou Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de antiguidades do Egito, durante uma coletiva de imprensa.

A exposição destaca a vida e obra de Ramsés II, chamado de “rei dos reis” e às vezes de “Rei Sol”, um dos mais poderosos faraós, que reinou por mais tempo, 66 anos, da 19ª dinastia. Ele se casou com Nefertari, conhecida como “a mais bela mulher do mundo”, e teve uma grande família, com 50 filhos e 60 filhas, de acordo com historiadores.  

Há 47 anos o sarcófago não vinha a Paris. A França tem o privilégio de expô-lo porque ela “salvou” o faraó.

Visita de Estado da múmia de Ramsés à França

A múmia de Ramsés veio à França em 1976, em sua única viagem fora do Egito, para ser tratada de um fungo. Depois de ter conseguido “salvar” os restos mortais do faraó, as relações entre os dois países se reforçaram.

Em sua chegada ao país nos anos 1970, a múmia do faraó teve direito a uma recepção digna de chefes de Estado, com tapete vermelho, presença da Guarda Republicana na pista de decolagem e de várias personalidades políticas.

Na época, o presidente francês Valéry Giscard d’Estaing, convenceu o chefe de Estado egípcio Anouar el-Sadate a deixar a múmia sair do Egito, prometendo a ele que a relíquia seria recebida “como um soberano”.

 

Foto tirada em 11 de maio de 1976. O embaixador egípcio Naguib Kadry e a especialista no Egito Christiane Desroches-Noblecourt esperam a abertura do sarcófago do faraó Ramsés II durante a exposição dedicada a ele no Grand Palais, em Paris.
Foto tirada em 11 de maio de 1976. O embaixador egípcio Naguib Kadry e a especialista no Egito Christiane Desroches-Noblecourt esperam a abertura do sarcófago do faraó Ramsés II durante a exposição dedicada a ele no Grand Palais, em Paris. © AFP - STAFF

A múmia de Ramsés, morto com mais de 90 anos, por volta de 1213 antes de Cristo, foi encontrada em bom estado de conservação em 1881, mas depois suas condições começaram a se deteriorar devido à presença de fungos e parasitas e necessitava reparações. Os especialistas do Museu do Homem, em Paris, foram escolhidos para realizar o trabalho.

A vinda dos restos do faraó a Paris foi um caso único, já que o Egito tem uma lei que proíbe a saída de múmias reais do país. Na época, uma exposição sobre Ramsés foi realizada ao mesmo tempo no Grand Palais e acolheu 360.000 visitantes. Após oito meses de tratamento intensivo, com raios gama, o faraó voltou ao museu do Cairo, em 10 de maio de 1977.

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