Reino Unido anuncia entrada em acordo de livre-comércio transpacífico
Após 21 meses de negociações, Londres anunciou nesta sexta-feira (31) seu maior acordo comercial desde o Brexit. Com isso, o Reino Unido se torna o primeiro país da Europa a aderir ao Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership (CPTPP), ou Parceria de Livre Comércio Transpacífico, que passará a somar então 12 países. O bloco reúne agora 500 milhões de habitantes e 15% do PIB mundial.
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Se ainda fosse membro da União Europeia (UE), o Reino Unido não poderia ter aderido a esta parceria, e Londres elogia a forma como o país "aproveita as oportunidades" das suas "novas liberdades comerciais pós-Brexit", de acordo com um comunicado de imprensa, enquanto muitos britânicos ainda aguardam na prática os benefícios da saída da UE.
Mais de 99% das exportações de mercadorias britânicas para os países do CPTPP estarão isentas de taxas alfandegárias, observa Downing Street, citando produtos emblemáticos como queijos, carros, chocolate, maquinário, gim e uísque. O setor de serviços também se beneficiará com a redução da burocracia.
"Liberdades pós-Brexit"
A contribuição para a economia britânica com o acordo poderá chegar a £ 1,8 bilhão (cerca de € 2,45 bilhões), de acordo com as estimativas citadas por Londres. "Este acordo demonstra os reais benefícios econômicos de nossas liberdades pós-Brexit", declarou o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.
Ao aderir ao CPTPP, o Reino Unido se coloca “no centro de um grupo de economias dinâmicas e em crescimento do Pacífico”, congratulou o chefe de Governo, citado na nota de imprensa. "As empresas do Reino Unido agora terão acesso incomparável aos mercados que se estendem da Europa ao Pacífico Sul", acrescentou.
1/ We have just agreed the biggest trade deal since Brexit.
— Rishi Sunak (@RishiSunak) March 31, 2023
Joining 11 other countries in the Indo-Pacific, it’s set to boost the UK economy by £1.8bn.
Here’s how the CPTPP will deliver on our pledge to grow the economy 🧵 pic.twitter.com/PQF268M2u3
O ministro do Comércio britânico, Kemi Badenoch, destacou os benefícios em termos de empregos para as empresas britânicas e o acesso a uma porta de entrada mais ampla para a região do Indo-Pacífico, de onde se espera "a maior parte do crescimento global".
O Japão, que também é membro da parceria, saudou a entrada dos britânicos. O porta-voz do governo japonês, Hirokazu Matsuno, classificou o Reino Unido de "parceiro estratégico global" e um "importante parceiro comercial e de investimento". Sua adesão "terá grande significado para a formação de uma ordem econômica livre e justa", acrescentou.
O Reino Unido e os países membros do CPTPP devem agora finalizar as últimas etapas legais e administrativas, antes que o acordo seja formalmente assinado, ainda este ano.
Impulsionar o comércio internacional
Desde sua saída da UE e do mercado único europeu, em 1º de janeiro de 2021, o Reino Unido tem buscado firmar acordos comerciais para impulsionar seu comércio internacional.
Londres concluiu tratados comerciais com a UE e outros estados europeus, e com países mais distantes, como Austrália, Nova Zelândia e Cingapura. Discussões também estão em andamento com Índia e Canadá.
Por outro lado, o acordo tão esperado pelos britânicos com os Estados Unidos está atrasado e as negociações com Washington estagnaram.
Assinado por Nova Zelândia, Austrália, Canadá e Japão, o CPTPP é o pacto de livre comércio mais importante da região.
Em 23 de janeiro de 2017, o ex-presidente americano Donald Trump anunciou a saída de seu país desse acordo, de que era inicialmente parte, antes mesmo de sua entrada em vigor, o que vem ocorrendo em etapas, desde dezembro de 2018.
O Reino Unido havia solicitado a adesão ao CPTPP em fevereiro de 2021. As negociações começaram em junho do mesmo ano.
(Com informações da AFP)
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