Contrária ao aborto, nova ministra da Saúde britânica preocupa associações de direitos das mulheres
A primeira-ministra britânica Liz Truss prometeu um governo que não fosse formado por homens velhos e brancos, mas a composição de sua equipe já suscita reações. As associações de defesa do direito ao aborto se preocupam com a nomeação de Therese Coffey para o posto de ministra da Saúde.
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Coffey, que também ocupará o cargo de vice primeira-ministra, se posiciona regularmente contra o direito ao aborto, inclusive em seus votos no Parlamento. A nova encarregada da Saúde propos reforçar as avaliações psicológicas prévias ao aborto, em 2010, rejeitou a discriminalização na Irlanda do Norte, depois o acesso ao aborto a domicílio durante a pandemia.
As ONGs de defesa dos direitos das mulheres e vários deputados temem que o governo de Truss reduza o acesso ao aborto, que já é difícil em determinadas regiões.
Para as associações, Coffey, que é católica praticante, passa suas convicções na frente das recomendações clínicas e do interesse das mulheres.
Antes de ser confirmada como ministra do novo governo britânico, ela garantiu que não voltaria atrás sobre as leis em vigor. Mas essa garantia não é suficiente para as associações, que temem que Coffey não dedique os meios necessários aos centros dedicados à interrupção da gestação, que já estão saturados. Além disso, teme-se que ela não ajude a reforçar o acesso ao aborto, muito limitado, das mulheres na Irlanda do Norte.
Estas associações também consideram que o Reino Unido tem a obrigação de defender este direito, principalmente após a abolição da jurisprudência que garantia o direito de escolher nos Estados Unidos.
Coffey, amiga próxima de Truss, tem a dura tarefa de recuperar o serviço público de saúde britânico, enfraquecido por 10 anos de austeridade e pandemia, e que é uma das prioridades do novo governo, de acordo com a primeira-ministra.
Diversidade cultural de elite
Para o ministério do Interior, Truss fez outra escolha conservadora, Suella Braverman. A ex-advogada de 42 anos, filha de pais indianos, deve cuidar de dossiês espinhosos como o dos imigrantes que chegam ilegalmente nas costas britânicas. O governo anterior queria enviá-los para Ruanda, um plano que ela apoia fervorosamente.
Braverman é admirada à direita por seus ataques contra a chamada ideologia « woke », que denuncia as injustiças sofridas pelas minorias, que se transformou na inimiga de conservadores do mundo inteiro.
Apesar de os membros escolhidos mostrarem uma certa diversidade cultural, o governo de Truss não foge à regra: grande parte vem da elite e saiu de grandes escolas privadas.
Kwasi Kwarteng, novo ministro das Finanças originário do Gana, foi aluno no prestigioso colégio para meninos Eton antes de ir à Cambridge. Braverman também estudou na mesma universidade.
«É sobre a origem social que temos que fazer progressos (…) precisamos de mais políticos que venham de um meio social popular », diz o professor de Ciências políticas Rob Ford, da Universidade de Manchester. « Mas a origem étnica conta », completa.
« Escutamos pessoas que vêm de minorias dizer: ‘eles não nos representam’. É importante então ter pessoas em volta da mesa que compartilham experiências de discriminação e racismo », diz.
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