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"Não viemos passar férias", diz militar francesa em base da Otan na Romênia

Mais de 500 soldados franceses da Otan chegaram nos últimos dias à Romênia para reforçar a presença da organização perto da Ucrânia, após a invasão russa. Os militares da "Missão Águia" receberam, no domingo (6), a visita do presidente romeno, Klaus Ioannis, e da ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly. Ela veio demonstrar seu apoio e explicar o papel das tropas da organização na região.

A ministra francesas das Forças Armadas, Florence Parly, ao lado do presidente romeno Klaus Iohannis, na base militar da Otan na Romênia,
A ministra francesas das Forças Armadas, Florence Parly, ao lado do presidente romeno Klaus Iohannis, na base militar da Otan na Romênia, AFP - DANIEL MIHAILESCU
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Nicolas Falez, enviado da RFI à Romênia

A ministra francesa foi recebida no domingo (6) pelo chefe de Estado romeno, Klaus Ioannis, na base militar da Otan Mihail Kogalniceanu, perto de Constanta, no sudeste da Romênia. O local está situado a cerca de 200 quilômetros da fronteira ucraniana, por onde chegam milhares de refugiados que fogem dos ataques das forças russas. A base recebe, além das tropas francesas, soldados americanos, alemães, romenos, holandeses, italianos e belgas, que integram as forças da organização. Em sua vista, Florence Parly declarou que o presidente russo, Vladimir Putin, tinha "escolhido a guerra" e a "violência", após a invasão da Ucrânia.

Segundo Parly, a Otan não ameaça a Rússia, mas a aliança deve mostrar ao país a "unidade" da aliança militar, que é "infalível quando se trata de defender nossos aliados. Ela também declarou que sentia "orgulho" de ver os militares franceses ao lado de soldados de outras nacionalidades ,"defendendo a bandeira da Otan." A ministra francesa das Forças Armadas também reiterou que o engajamento dos aliados não é "ofensivo, mas defensivo".

O enviado especial da RFI, Nicolas Falez, conversou com alguns dos soldados franceses que acabaram de chegar à base na Romênia. Um deles é o cabo Franck, que estava em missão no Mali. "Nós estávamos no Mali há alguns anos e a operação estava organizada. A situação aqui é diferente: temos muito o que fazer, incluindo a instalação de toda a infraestrutura. Isso inclui o alojamento e os locais onde poderemos comer e dormir", diz. Os soldados franceses dormem em grandes barracas aquecidas. 

Cerca de 30 mulheres integram o contingente, entre elas Ophélie, 26 anos. "No início não achávamos que seríamos convocadas, mas logo ficou claro que esse seria o caso. Em termos militares, tudo teve que ser preparado rapidamente. Em relação à família também: temos casa e filhos", lembra. Na tenda feminina, doze camas, ainda vazias, deverão ser ocupadas nos próximos dias por militares belgas.

Os soldados franceses do 27º Batalhão de Caçadores Alpinos ouvem um discurso na base aérea francesa em Istres antes de sua partida para a Romênia, em 1º de março de 2022.
Os soldados franceses do 27º Batalhão de Caçadores Alpinos ouvem um discurso na base aérea francesa em Istres antes de sua partida para a Romênia, em 1º de março de 2022. AFP - NICOLAS TUCAT

"Estamos aqui por algum motivo"

Esta também será a primeira missão no exterior de Bénédicte, 20 anos, que acaba de chegar à base de Mihail-Kogalniceanu. "Trabalho na área de recursos humanos. Meu escritório é uma cama e uma caixa", conta, com bom humor. "Aos poucos vamos nos organizando e avançando", resume.

"Em três dias estávamos no avião, prontos para embarcar. É estranho, mas agora que cheguei, estou mais tranquila. O fato de ter que ficar aqui vários meses mexe um pouco comigo", confessa. O contexto atual influencia seu nível de stress, diz. "Isso pesa muito", explica, "e ainda mais para nossos superiores. Sabemos que não viemos aqui passar férias, estamos aqui por algum motivo", conclui.

A Romênia, que divide uma fronteira de 650 km com a Ucrânia, vinha pedindo há meses um reforço militar da Otan, diante da tensão crescente com Moscou. Os Estados Unidos enviaram em janeiro um blindado Stryker e mil soldados para uma base localizada perto do Mar Negro, além dos 900 já destacados na Romênia.

Refugiados ucranianos na fronteira de Siret, na Romênia, em março.
Refugiados ucranianos na fronteira de Siret, na Romênia, em março. AP - Andreea Alexandru

Presença russa incomoda romenos

Em fevereiro, seis aviões Eurofighter Typhoon da Força Aérea alemã se juntaram a quatro aviões da Polícia Aérea italiana. A situação se complicou ainda mais após Moscou ter apreendido a Ilha das Serpentes na quinta-feira (3), uma rocha no Mar Negro que fica a 45 km da costa romena.

Desabitada, mas estrategicamente importante, ela foi objeto de uma disputa entre Bucareste e Kiev antes de ser atribuída à Ucrânia pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia em 2009. Além disso, a presença de russos perto das águas territoriais romenas pode desencorajar as empresas que têm concessões e planejam explorar os depósitos de gás descobertos lá, apontam os especialistas.

(RFI e AFP)

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