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Invasão da Ucrânia pela Rússia poderia resultar em 5 milhões de refugiados

A hipótese de uma invasão do território ucraniano por parte do exército russo levanta temores de uma nova crise de refugiados na Europa. Os países vizinhos da ex-república soviética já se preparam para enfrentar o fluxo de centenas de milhares ou até de milhões de pessoas, em caso de uma ofensiva de Moscou.

Civis reunidos em um acampamento no ponto de controle fronteiriço de Matveyev Kurgan, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Em 19 de fevereiro de 2022.
Civis reunidos em um acampamento no ponto de controle fronteiriço de Matveyev Kurgan, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Em 19 de fevereiro de 2022. AP
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A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, estimou nesta quarta-feira (23) que o conflito poderia provocar "uma nova crise de refugiados" com "até 5 milhões" de pessoas deslocadas.

A Polônia, que tem uma extensa fronteira com a Ucrânia e já acolhe cerca de 1,5 milhão de cidadãos ucranianos, expressou o seu apoio ao país vizinho e se mostrou disposta a ajudar. O ministério do Interior polonês informou que o país "está se preparando para vários cenários relacionados à situação de tensão" entre Ucrânia e Rússia.

A estratégia já estava sendo analisada mesmo antes de a Rússia reconhecer a independência das áreas controladas pelos rebeldes, no leste da Ucrânia, e das sanções ocidentais. "O ministério do Interior está há um tempo tomando medidas para se preparar para uma onda de até um milhão de pessoas", disse, no mês passado, o vice-ministro do Interior polonês, Maciej Wasik.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, criou um grupo de trabalho para definir as necessidades logísticas, de transporte, médicas e educativas para receber os refugiados ucranianos. "Estamos preparados para receber crianças e jovens nas escolas e os estudantes nas universidades polonesas", acrescentou, nesta quarta-feira, o ministro da Educação, Przemyslaw Czarnek.

A Comissão Europeia está disposta a fornecer apoio econômico à Polônia se necessário, de acordo com informações da comissária do Interior da UE, Ylva Johansson.

A Eslováquia, que compartilha sua fronteira oriental com a Ucrânia, também tem planos para enfrentar "uma possível pressão de refugiados", de acordo com o ministro da Defesa, Jaroslav Nad. O ministro do Interior eslovaco, Roman Mikulec, revelou a existência de quatro campos de refugiados capazes de receber os solicitantes de asilo ucranianos. "Se a situação exigir, também podemos utilizar as instalações de alojamento existentes no ministério do Interior e outros ministérios", afirmou.

A Romênia, um dos países mais pobres da Europa, não acredita que muitos ucranianos vão fugir para o seu território em caso de conflito, mas está preparada para acolher meio milhão de pessoas. "Este é o número para o qual estamos preparados", disse, na terça-feira (22), o ministro da Defesa, Vasile Dancu. O país pode criar centros de acolhimento nas principais cidades ao longo de seus 650 quilômetros de fronteira com a Ucrânia, segundo o governo.

Hungria abre as portas

A Hungria, cujo primeiro-ministro Viktor Orbán é conhecido por sua linha dura contra a imigração, também parece disposta a receber refugiados ucranianos. "Em caso de guerra, centenas de milhares, até mesmo milhões de refugiados chegariam da Ucrânia e reformulariam fundamentalmente a situação política e econômica da Hungria", afirmou recentemente Orbán. "Estamos trabalhando pela paz, mas é claro que os órgãos estatais designados começaram os preparativos", acrescentou.

Já o Conselho Norueguês para os Refugiados alertou, no início do mês, que se o conflito se intensificar e deslocar milhões de pessoas, os grupos humanitários teriam dificuldades para atender suas necessidades, inclusive parcialmente. "Seria uma loucura lançar uma nova guerra cataclísmica no mundo", disse o secretário-geral, Jan Egeland.

Trens cheios

No domingo (21), antes mesmo do anúncio de reconhecimento das repúblicas separatistas feitas por Vladimir Putin, trens transportando refugiados provenientes da região de Donetsk e Lugansk foram vistos chegando do lado russo da fronteira. Apenas na cidade de Kursk, mais de mil refugiados desembarcaram na estação ferroviária em um único dia. Eles foram alojados em hotéis, hospitais e até acampamentos. Pelo menos 200 crianças faziam parte do grupo.

Do lado do governo ucraniano, Kiev declarou nesta quarta-feira (23) estado de exceção e mobilizou os reservistas para o risco de o presidente russo Vladimir Putin, que desafia as sanções ocidentais, ordenar uma invasão ao país. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que "o futuro da segurança europeia" será decidido na Ucrânia.

Kiev pretende estabelecer um estado de emergência em seu território, como parte de uma série de medidas de segurança para preparar o país a uma possível ofensiva russa. A medida dever ser aprovada no Parlamento ucraniano nas próximas 48 horas. Por enquanto, não há planos de introduzir uma lei marcial, informou o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov. “Essas medidas preventivas visam manter a calma no país, para que a nossa economia continue a girar", explicou.

Entre as medidas excepcionais podem estar restrições de transporte e reforço da proteção a determinadas infraestruturas críticas do país. A Ucrânia também apelou às potências ocidentais para que imponham mais sanções contra a Rússia, a fim de atingir a economia do país e oligarcas próximos a Putin.

O presidente Volodimir Zelensky quer garantias de segurança por parte da Rússia, que é acusada pelo ocidente de preparar uma invasão. E apesar das sanções ocidentais, o presidente russo Vladimir Putin insiste cada vez mais em suas exigências, entre elas que a Ucrânia não faça parte da Otan.

(Com informações da AFP)

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