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Emissões da indústria da carne e laticínios europeia aumentam apesar da crise climática

As emissões de gases de efeito estufa das gigantes europeias da indústria da carne e dos laticínios aumentaram apesar da crise climática, denuncia nesta segunda-feira (13) uma ONG em um relatório que critica o “greenwashing” destes setores contaminantes.

Aumento de emissões de gases do efeito estufa da indústria da carne e dos laticínios na Europa, leva ong a criticar greenwashing.
Aumento de emissões de gases do efeito estufa da indústria da carne e dos laticínios na Europa, leva ong a criticar greenwashing. Pixabay
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O relatório do Institute for Agriculture and Trade Policy (IATP) analisa 35 das maiores empresas do setor na União Europeia (UE), no Reino Unido e na Suíça, e examina os planos climáticos e as emissões de suas cadeias de abastecimento.

Em sua análise, estas empresas foram responsáveis em 2018 por 7% das emissões da UE e as emissões das 20 maiores superam as da Holanda. O relatório se concentra particularmente em dez grandes empresas com metas climáticas mais ou menos definidas.

Os resultados indicam que em sete delas, as emissões absolutas aumentaram em dois anos. No setor da carne, por exemplo, entre 2016 e 2018, as emissões da irlandesa ABP aumentaram 45% e as da alemã Tonnies cresceram 30%.

Nos laticínios, de 2015 a 2017, as francesas Danone e Lactalis tiveram um aumento de suas emissões de 15% e 30%, respectivamente.

"A pegada de carbono dos gigantes europeus do leite e da carne compete com a dos gigantes das energias fósseis e continuam atuando com total impunidade", advertiu em um comunicado Shefali Sharma, diretora europeia da IATP.

As emissões combinadas são também equivalentes a 48% do consumo de carvão em toda a UE em 2018, ou equivalentes às de 53 milhões de carros em um ano.

Transparência

O relatório também mostra a falta de transparência da indústria da carne sobre sua linha de produção. Das 20 empresas analisadas, apenas quatro (Arla, Danone, FrieslandCampina e Nestlé) declaram as emissões totais de sua cadeia de abastecimento e apenas três (Nestlé, FrieslandCampina e ABP) anunciaram a intenção de reduzir suas emissões totais, segundo o texto.

Nenhuma das empresas mostrou a intenção de reduzir o rebanho em sua cadeia logística de onde são originárias 90% das emissões.

“Nós mostramos como – em lugar de reduzir as emissões dos rebanhos – grandes empresas de carne e laticínios estão empregando narrativas e estratégias que resultam em uma cortina de fumaça verde sobre a contribuição desta indústria às mudanças climáticas”, explica.

O documento salienta que 86% de toda a carne e laticínios produzidos na União Europeia e no Reino Unido são provenientes de 10 países: Alemanha, França, Espanha, Polônia, Itália, Holanda, Dinamarca, Irlanda, Bélgica e Reino Unido.

De acordo com o relatório, para uma verdadeira transformação na agricultura europeia, os 10 países, em particular, e a UE como um todo, devem regular as empresas produtoras de carne e laticínios.

O relatório critica a Política comum para a agricultura (PCA) da UE, recentemente aprovada por um período de cinco anos, de 2023 a 2027. “Foi uma decisão devastadora para a ação climática”, afirma, defendendo que os planos estratégicos da PCA deveriam ser uma oportunidade de alinhar a União Europeia e os objetivos climáticos, e que deveriam ser reescritos.

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