Alemanha volta a expulsar refugiados sírios sob pressão de conservadores

A Alemanha, país que recebeu milhares de refugiados sírios nos últimos anos, voltou a autorizar a expulsão de refugiados considerados “perigosos” a partir de janeiro. A decisão é uma vitória dos partidos conservadores do país, incluindo o CDU (União Democrata-Cristã), da chanceler Angela Merkel.

Mais de 700 mil sírios foram recebidos na Alemanha desde 2011 REUTERS/Kai Pfaffenbach

Pascal Thibault, correspondente da RFI em Berlim

O ministro federal do Interior, Horst Seehofer, não pôde usufruir presencialmente sua vitória nesta sexta-feira (11). Ele está em quarentena após ter tido contato com uma pessoa infectada pela Covid-19.

O líder conservador bávaro, como seus colegas de partido, lutavam para autorizar novamente as deportações de sírios, caso a caso. O ministro utilizou como argumento o risco terrorista. O debate voltou à tona após o assassinato de um alemão por um jovem sírio com uma faca, em outubro de 2020 em Dresden.

Desde que começou a guerra na Síria em 2011, a Alemanha recebeu cerca de 790 mil refugiados sírios e tem hoje a maior comunidade síria da Europa. Atualmente 90 sírios considerados extremistas perigosos estão no país.

Irresponsabilidade

As regiões (Länders) governadas por partidos da esquerda e ambientalistas reagiram com indignação ao anúncio da volta de deportações para um país que está ainda em guerra.

"Um escândalo irresponsável", disse um ambientalista. "Os direitos humanos também se aplicam aos criminosos", disse um político da Die Linke, referindo-se aos abusos dos direitos humanos na Síria.

Expulsões são improváveis

O ministro federal Seehofer argumenta que os extremistas fugiram de Damasco para a Alemanha fazendo-se passar por refugiados e, por isso, não teriam nada a temer na volta a uma região comandada por grupos islâmicos. Mas, na prática, as deportações parecem improváveis na ausência de relações diplomáticas entre os dois países.