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Charlie Hebdo não permite que partido de extrema direita na Dinamarca publique suas charges

O partido dinamarquês Novo Cidadão (Nye Borgelige) arrecadou cerca de 300 mil coroas dinamarquesas, (cerca de R$ 270 mil), para trazer anúncios polêmicos do Charlie Hebdo para a mídia dinamarquesa. Mas o jornal satírico francês vetou o projeto da legenda de extrema direita.

A direção do Charlie Hebdo preferiu não publicar suas charges nos jornais da Dimanarca, onde começou a polêmica sobre as caricaturas do profeta Maomé, em 2005 (imagem de ilustração)
A direção do Charlie Hebdo preferiu não publicar suas charges nos jornais da Dimanarca, onde começou a polêmica sobre as caricaturas do profeta Maomé, em 2005 (imagem de ilustração) REUTERS/Charles Platiau
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Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague

O semanário satírico francês Charlie Hebdo recusou nesta segunda-feira (2) um pedido do partido político dinamarquês de extrema direita Nye Borgerlige (Novo Cidadão) para publicar suas charges retratando o profeta Maomé. O partido, liderado pelo parlamentar Pernille Vermund, queria colocar anúncios em jornais dinamarqueses nos quais as charges seriam publicadas.

As caricaturas retratando o profeta Maomé foram mostradas pelo professor francês Samuel Paty aos seus alunos antes que ele fosse decapitado no mês passado, em um ato que foi classificado pelo presidente francês Emmanuel Macron como um ataque terrorista."O assassinato de Samuel Paty desencadeou a campanha, queremos mostrar nosso apoio à sua família e pela liberdade de expressão", declarou a líder do partido Nye Borgerlige na semana passada.

A equipe do Charlie Hebdo, entretanto, rejeitou o pedido de Nye Borgerlige de usar as caricaturas em anúncios de jornal, informou o escritório de relações públicas da revista ao jornal dinamarquês Ekstra Bladet. “Depois de consultar os cartunistas, o Charlie Hebdo não fez esse tipo de acordo com este partido político, com o qual eles não compartilham nenhum tipo de ponto de vista”, declarou a revista francesa.

Os jornais dinamarqueses Berlingske e Weekendavisen disseram que publicariam os anúncios do Nye Borgerlige, enquanto Jyllands-Posten e Ekstra Bladet se recusaram, alegando preocupações com a segurança da equipe.

A nova extrema direita dinamarquesa

Desde que o partido Nye Borgerlige divulgou nas redes sociais, na última quinta-feira (29), que gostaria de publicar as charges do semanário satírico francês, o partido recebeu aproximadamente 300 mil coroas dinamarquesas em doações dos cidadãos que simpatizam com as propostas do partido.

Na página oficial da presidente do Nye Borgerlige, Pernille Vermund declarou que o objetivo da campanha era “defender nosso direito de criticar o Islã, desafiar a ideologia anti-humana e expor a oposição do Islã à liberdade e à democracia que são a base da sociedade dinamarquesa”.

O partido Nye Borgerlige foi fundado por Pernille Vermund há apenas cinco anos, e atualmente possui 4 das 179 cadeiras do Parlamento da Dinamarca. Desde que foi fundada, a legenda pulou de 2,4% das intenções de voto para 10% de apoio nas últimas pesquisas. Dentre os valores do partido estão a defesa de valores conservadores dinamarqueses e oposição a acordos supranacionais que limitam a autonomia de um governo para o povo dinamarquês.

Polêmica sobre charges de Maomé tiveram início na Dinamarca

A polêmica das caricaturas sobre Maomé teve início em setembro de 2005, quando desenhos que satirizavam o profeta foram publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que promoveu um concurso onde 40 cartunistas foram convocados para desenhar Maomé. Este ato desencadeou uma onda de protestos pelo mundo, com várias ameaças de morte. Ofertas de recompensas pelo assassinato dos responsáveis foram anunciadas,o que fez com que os cartunistas tivessem que passar a viver escondidos.

 

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