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Reedição do livro racista "Mein Kampf", de Hitler, é sucesso de vendas na Alemanha

A reedição comentada da obra racista "Mein Kampf" (Minha Luta), de Adolf Hitler, publicada na Alemanha em janeiro de 2016 pela primera vez desde 1945, se converteu num êxito nas livrarias, com 85 mil exemplares vendidos, indicou o editor nesta terça-feira (3).

Reedição do livro racista "Mein Kampf" é sucesso na Alemanha
Reedição do livro racista "Mein Kampf" é sucesso na Alemanha Divulgação
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O Instituto de História Contemporânea de Munique, que a princípio determinou a impressão de 4 mil exemplares, alcançou seis edições ao longo do ano que terminou.

O texto original de Hitler é acompanhado de 3.500 notas históricas explicativas, com o objetivo de evitar sua utilização como propaganda nazista. No entanto, os críticos se preocupam com a publicação da obra de dois volumes e com quase 2 mil páginas, vendida a € 59 (cerca de R$ 200).

"Mein Kampf" foi redigido entre 1924 e 1925, quando Hitler estava na prisão, após o fracasso do golpe de Estado de Munique em 1923.

"Está comprovado que o medo de que essa publicação promova a ideologia de Hitler se revelou infundado", opinou, em um comunicado, o diretor do instituto, Andreas Wirsching.

Compradores interessados em história

Segundo os dados coletados pelo instituto, os compradores dessa reedição seriam principalmente pessoas interesadas em história e política, assim como profissionais do ensino.

"O debate sobre a visão do mundo de Hitler e sua aproximação com a propaganda permite tratar das causas e das consequências das ideologias totalitárias em uma época em que o autoritarismo e as ideias de extrema-direita estão ganhando terreno", acrescentou Wirsching.

A Alemanha, por causa da chegada de mais de 1 milhão de migrantes desde 2015 e dos atentados islamitas, testemunha o auge, sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, de um partido populista de direita, a Alternativa para a Alemanha (AfD).

Os direitos do único livro escrito pelo ditador nazista passaram ao domínio público em 1° de janeiro de 2016, depois de ter sido exclusivos, desde 1945, do estado regional da Baviera. Foi em função dessa expiração de propriedade que a edição comentada foi lançada.

Ódio dos judeus

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Baviera era contrária à reedição de "Mein Kampf", apesar de o livro não estar proibido. Mas era possível encontrar exemplares de edições originais em antiquários ou através da Internet.

As autoridades alemãs insistem, no entanto, em levar ante a Justiça as pessoas que publicarem a obra original sem comentários explicativos.

A obra trata em detalhe do ódio que o autor sentia dos judeus, um sentimento que resultaria no Holocausto, e defende a ampliação do "espaço vital" dos alemães (Lebensraum) através da conquista violenta de outros países.

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