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Vaticano/Justiça

Vaticano retoma julgamento do escândalo Vatileaks

O polêmico processo Vatileaks, que julga cinco pessoas, sendo dois jornalistas italianos e um sacerdote, por vazamento de documentos confidenciais do Vaticano, foi retomado nesta segunda-feira (14).

O Julgamento do chamado "Vatileaks 2" recomeçou no Vaticano nesta segunda-feira, 14 de março.
O Julgamento do chamado "Vatileaks 2" recomeçou no Vaticano nesta segunda-feira, 14 de março. Foto: REUTERS/Marco Bello
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A audiência pública do julgamento do chamado "Vatileaks 2" teve início às 16h pelo horário local (meio-dia em Brasília) com a presença dos acusados na sala do tribunal. Os dois primeiros dias do julgamento serão dedicados à audição das testemunhas.

O sacerdote espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda, de 54 anos, próximo da Opus Dei, a consultora de comunicação italiana Francesca Immacolata Chaouqui, de 34 anos, e Nicola Maio, de 37 anos, colaborador de Balda, são acusados de formação de quadrilha com o objetivo de divulgar notícias e documentos confidenciais graças ao cargo que exerciam no Vaticano.

Eles tiveram acesso a vários documentos no período que faziam parte de uma comissão encarregada de propor reformas no funcionamento do sistema financeiro da Igreja, entre 2013 e 2014.

Os documentos foram usados pelos jornalistas Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi para lançar, em 5 de novembro do ano passado, dois livros sobre corrupção na Cúria Romana. Eles são acusados de "divulgação ilícita" de documentos confidenciais.

Crime introduzido no mandato do papa Francisco

Acompanhada de quatro guardas-costas, Chaouqui, grávida de seis meses, não fez nenhuma declaração à imprensa em sua chegada. Emiliano Fittipaldi disse ter apenas feito seu trabalho, ou seja, de ter publicado as informações. "Este é um processo por um vazamento de notícias e não por difamação. Todas as notícias publicadas são verdadeiras", declarou.

Pelo Twitter, Gianluigi Nuzzi disse, pouco antes da audiência, que " a informação não pode ser interrompida por julgamentos". O primeiro processo do Vaticano contra dois jornalistas levou a imprensa do país qualificar a ação como uma "nova Inquisição".

A divulgação de documentos confidenciais "contra a segurança do Estado" foi um crime introduzido em julho de 2013 já no pontificado do papa Francisco. A punição prevista é de 4 a 8 de anos de prisão.

Audiência preliminar

Na semana passada, o tribunal do Vaticano ordenou a prisão do sacerdote Lucio Vallejo Balda por "violação da proibição de contato com o exterior", uma pré-condição para a prisão domiciliar.

No sábado, depois de três meses e meio de recesso para que os juízes pudessem coletar mais dados e informações, foi realizada uma sessão a portas fechadas no Vaticano com especialistas e juízes, sem a presença dos acusados.

A audiência "técnica" permitiu analisar, a pedido do sacerdote Balda e da consultora Chaouqui, várias provas como troca de e-mails, mensagens e conversas via WhatsApp entre os acusados.

Segundo o sacerdote Balda, a consultora de comunicação é uma manipuladora que o seduziu e o obrigou a divulgar os documentos confidenciais. Francesca Chaouqui nega e disse apenar ter tido uma relação profissional com o religioso.

A consultora Francesca Chaouqui chega para a audiência no Vaticano.
A consultora Francesca Chaouqui chega para a audiência no Vaticano. REUTERS/Alessandro Bianchi

A defesa de Chaouqui tentou, em vão, argumentar que o crime de que é acusada - divulgação de documentos confidenciais - foi cometido em território italiano, portanto, fora da jurisdição da justiça do Vaticano. E pediu, em vão, que Chaouqui fosse julgada na Itália como "refugiada política".

O novo escândalo de vazamentos de documentos confidenciais do Vaticano é o segundo depois do ocorrido em 2012 na comitiva de Bento XVI, apelidado de “Vatileaks”. Ele afeta indiretamente o papa Francisco, comprometido com uma difícil reforma da Cúria Romana e determinado a continuar com sua luta contra a corrupção.

Além disso, o sumo pontífice enfrenta críticas sobre sua determinação de modernizar a Igreja Católica, mas sem respeitar o direito da liberdade de imprensa, que é garantido na Itália.
 

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