Eurotunnel quer indenização por gastos com imigrantes ilegais

A Eurotunnel, companhia que opera o trem através do Canal da Mancha, pediu € 9,7 milhões dos governos britânico e francês como indenização pelos prejuízos causados pela imigração ilegal. De acordo com a empresa, apenas no primeiro semestre deste ano, € 13 milhões foram investidos para reforçar a segurança, o equivalente à totalidade do ano de 2014.

Polícia francesa intercepta imigrante a caminho do túnel da Mancha, em Calais. Reuters/Vincent Kessler

O número de imigrantes que espera uma oportunidade pelos arredores do porto de Calais, no norte da França, para chegar à Inglaterra, é de cerca de 3 mil, de acordo com as autoridades. Entre os países de origem estão Etiópia, Eritreia, Sudão e Afeganistão. Dos muitos que tentaram a sorte nas últimas semanas, vários morreram queimados ao tentar subir nos vagões ou afogados nas bacias de retenção. Mas a maioria foi presa antes da travessia.

A empresa explicou, na mesma apresentação, que dos quase € 10 milhões reivindicados, cerca de dois terços correspondem a despesas extras, como novas barreiras que impedem os imigrantes ou caminhões de entrarem no túnel, e o restante, a uma perda operacional.

Responsabilidade dos Estados está prevista em contrato

O presidente do grupo lembrou também que o contrato de concessão do túnel prevê que os Estados arquem com parte dos custos e informou que Londres já se comprometeu em criar uma zona de segurança no porto francês de Calais e a pagar € 4,7 milhões do prejuízo de 2015.

A Eurotunnel acredita que o número de imigrantes no porto francês é subestimado, o que explicaria a insuficiência das forças de segurança.

O grupo já tinha feito um pedido nesse sentido no início de 2000 por um número de imigrantes menor do que o atual. Na época, a demanda da empresa foi atendida e o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia chegou a estimar um prejuízo de € 24 milhões.