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Vaticano/ papa

Papa Francisco não descarta pedir demissão do cargo, como Bento 16

O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (13) não descartar pedir demissão do cargo um dia, como o predecessor Bento 16. Em uma entrevista publicada na imprensa espanhola, o pontífice disse que “pediria ao Senhor para iluminá-lo sobre o momento” de se retirar. Ele ainda demonstrou preocupação com os movimentos separatistas na Europa, em particular na Escócia (Reino Unido) e Catalunha (Espanha), que vão realizar referendos sobre o assunto nos próximos meses.

Papa também assumiu a escolha de renunciar ao papamóvel, apesar dos riscos.
Papa também assumiu a escolha de renunciar ao papamóvel, apesar dos riscos. REUTERS/Giampiero Sposito
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Segundo o papa explicou ao jornal La Vanguardia e à emissora de TV Quatro, Bento 16 “não distorceu as tradições” ao renunciar ao cargo, em 11 de fevereiro de 2013. “O papa Bento fez um grande gesto, ele abriu uma porta. Bento não distorceu as tradições”, declarou. “Na realidade, ele criou uma instituição, a dos eventuais papas eméritos. (...) Eu faria a mesma coisa que ele. Pediria ao Senhor para me iluminar quando chegasse o momento e me dissesse o que fazer. Eu tenho certeza de que ele me diria”, argumentou.

Francisco preferiu não dizer qual seria a sua decisão, em razão de problemas de saúde ou de diminuição das faculdades mentais. Mas deixou claro que não descartaria a hipótese de demissão.

Preocupação com separatistas

Na mesma entrevista, o pontífice demonstrou preocupação com os movimentos separatistas na Europa, em particular na Escócia (Reino Unido) e Catalunha (Espanha). "Toda divisão me preocupa", afirmou o papa.

Francisco diferenciou as independências por emancipação das ex-colônias dos impérios europeus, como aconteceu nos países americanos, e as independências por secessão, como no caso da ex-Iugoslávia. "Obviamente há povos com culturas tão diversas que nem com cola poderiam ser unidos. O caso iugoslavo é muito claro, mas eu me pergunto se é tão claro em outros casos, em outros povos que até agora estiveram juntos", observou Francisco.

"Temos que estudar caso por caso. Escócia, Padania, Catalunha. Teremos casos que serão justos e casos que não serão justos, mas a secessão de uma nação sem um antecedente de unidade forçada deve ser considerada com muito cuidado", opinou.

No dia 18 de setembro, os escoceses votarão em um referendo para decidir sobre a independência da região do Reino Unido. Na Catalunha, o governo nacionalista da região pretende fazer o mesmo em 9 de novembro, mas não recebeu a aprovação do Executivo central, que não aceita qualquer tipo de consulta.

Riscos sem o papamóvel

O papa admitiu ainda estar consciente do risco que sofre ao renunciar ao papamóvel blindado, que chama de "lata de sardinhas”. O pontífice argentino recordou que em julho de 2013, as autoridades do Brasil prepararam um papamóvel com vidro blindado para sua proteção durante a Jornada Mundial da Juventude.

"Mas eu não posso saudar um povo e dizer que o amo dentro de uma lata de sardinhas, mesmo que seja de vidro", destacou. "Para mim isto é um muro. É verdade que algo pode acontecer comigo, mas sejamos realistas, na minha idade [77 anos] não tenho muito a perder", completou.
 

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