Monti alerta para aumento do sentimento anti-europeu na Itália

Na véspera do encontro com a chanceler alemã, Ângela Merkel, o premiê italiano, Mario Monti fez um alerta ontem para o perigo do aumento do crescimento anti-europeu no seu país. Em entrevista, Monti disse que a União Europeia não tem reconhecido os esforços empreendidos pela Itália para diminuir seu déficit público e superar a crise.

O premiê italiano, Mario Monti, em entrevista ao programa italiano "Che tempo che fa". REUTERS/Stefano Rellandini

O premiê italiano, Mario Monti, encontra, hoje, a chanceler alemã, Angela Merkel, com uma preocupação. Em entrevista ao jornal alemão Die Welt, Monti alertou que a postura da União Europeia de não reconhecer os esforços dos italianos para superar a crise pode gerar no país um movimento de contestação contra a Europa, o Banco Central Europeu e particularmente contra a Alemanha, vista como intolerante em relação a outros parceiros.

Monti pode comprovar a seriedade dos esforços feitos pelos italianos com os dados divulgados hoje relativos ao déficit público. A Itália registrou um recuo do déficit público a 2,7% do PIB no terceiro trimestre do ano passado, índice abaixo dos 3% exigidos no Pacto de estabilidade Europeu.

Por outro lado, a economia alemã fechou 2011 com crescimento de 3% e déficit público a 1% do PIB, um desempenho excepcional em plena crise das dívidas na zona do euro. Os dados publicados hoje dão mais munição para Angela Merkel se posicionar como um exemplo de gestão criteriosa na União Europeia.

Maratona de encontros

Essa semana é marcada por um série de encontros cruzados entre os líderes europeus. Hoje, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, recebe no Palácio do Eliseu a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, proveniente de Berlim.

Na Alemanha, a primeira-ministra, Angela Merkel, também é a anfitriã de reuniões bilaterais. Ontem, Merkel também recebeu Christine Lagarde. Os porta-vozes das duas líderes afirmaram que foi uma conversa informal sobre assuntos ligados às finanças mundiais. Mas, nos bastidores, especula-se que o tom na conversa não foi tão leve, sobretudo quando França e Alemanha discutem a adoção de uma taxação de transações financeiras em nível europeu.