Acessar o conteúdo principal

CPMI do Golpe: oposição apostará em narrativa da omissão do governo durante ataque em Brasília

Apoiadores de Bolsonaro querem comissão de inquérito para apontar omissão de autoridades do atual governo nos atos golpistas de 8 de janeiro, enquanto governo trabalha para ter o controle da comissão e mostrar que ex-presidente estimulou atentados. No meio disso tudo, equipe econômica torce para que tramitação do arcabouço fiscal avance no Legislativo.

Bolsonaristas atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, no último 8 de janeiro, para protestar contra a legitimidade das eleições que levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder.
Bolsonaristas atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, no último 8 de janeiro, para protestar contra a legitimidade das eleições que levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. AP - Eraldo Peres
Publicidade

Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Os blocos partidários começam a indicar os membros para a CPMI do Golpe, que terá 32 integrantes entre deputados e senadores. Há quem fale em começar os trabalhos já na próxima semana, mas isso vai depender do ritmo das indicações e das articulações para definir presidente e relator.

O governo tem leve vantagem na composição, mas o centrão também terá peso importante devido ao maior equilíbrio de forças na Câmara. Os objetivos políticos dos grupos no Congresso estão bem claros nessa largada.

A oposição vê na CPI a chance de tentar colocar no colo do atual governo alguma responsabilidade pela falta de segurança dos prédios públicos invadidos e destruídos por golpistas em 8 de janeiro. A motivação veio de imagens internas sobre o dia do atentado que mostraram integrantes do Gabinete de Segurança Institucional circulando nos espaços vandalizados.

“Todos nós sabemos que houve uma invasão, uma depredação dos três prédios que representam a democracia brasileira. Isso é um fato. Mas há aqueles que incitaram, aqueles que financiaram, mas há aqueles também que se omitiram. Então é necessário que nós tenhamos essas informações. É o que vamos buscar”, disse o senador Rogério Marinho (PL).

Atos incitados por Bolsonaro

Já o governo, que não queria CPI, depois defendeu a instalação e, ao fim, se arrependeu de apoiar a comissão de inquérito, vai tentar o manter o controle do colegiado para mostrar que foi vítima de uma tentativa de golpe incentivada por Jair Bolsonaro ainda quando ele era presidente. Sobre as gravações que derrubaram o ministro Gonçalves Dias, petistas afirmam que houve edição de imagens para montar uma falsa narrativa.

Como CPI é investigação, mas também é briga de egos, duelo de versões, com gente gritando no microfone, falas e gestos de olho na plateia, o governo tem outro desafio: conseguir levar a pauta de votação, em especial o novo arcabouço fiscal, com a CPI em andamento.

“Nós não queríamos. A gente quer priorizar e priorizaremos a agenda do Brasil. O que o povo brasileiro quer saber é comida na mesa, o retorno de programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida. Agora, o nosso governo foi vítima no dia 8 de janeiro, foi vítima de uma intentona golpista que ocorreu ao longo dos últimos quatro anos e que teve uma escalada a partir do dia 30 de outubro de 2022 com o não reconhecimento do resultado eleitoral”, disse o líder governista Randolfe Rodrigues.

Inquérito no STF

Paralelamente à investigação política, avança o inquérito que o Supremo Tribunal Federal abriu para apurar os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ontem Bolsonaro prestou depoimento sobre esse caso e provocou reações diversas ao dizer que estava sob efeito de morfina quando compartilhou um vídeo que contestava o resultado das urnas.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou acreditar que a CPI do Golpe não irá atrapalhar votações de interesse do governo e do país:

"Acho que o impacto vai ser zero, eu tenho experiência de parlamento. Acompanho o Senado há quase 20 anos, pois meu pai foi senador. Essa CPI mista é muito diferente da CPI da pandemia, onde todo mundo estava em casa e virou um verdadeiro BBB e estávamos falando de vida", declarou.

"Se tivermos o arcabouço aprovado até 15 de julho, que é quando é o início do recesso legislativo, acredito que estaremos dando uma grande sinalização ao mercado e aos investidores", afirmou Tebet.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.