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EUA anunciam apoio ao Fundo Amazônia, após reunião entre Biden e Lula na Casa Branca

O presidente Lula e os ministros do governo brasileiro deixam Washington neste sábado (11) com a promessa de que a Casa Branca vai pedir ao Congresso americano verba para investir no Fundo Amazônia. Os Estados Unidos acenam com um aporte inicial de US$ 50 milhões, mas este valor, considerado baixo, decepcionou a delegação brasileira, que esperava mais.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden na Casa Branca. 10 de janeiro de 2023
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden na Casa Branca. 10 de janeiro de 2023 © Ricardo Stuckert
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Heloisa Villela, correspondente da RFI nos Estados Unidos

O comunicado conjunto, divulgado na noite de sexta-feira (10), deixa clara a intenção do presidente Joe Biden em participar do esforço de preservação da floresta, mas não menciona um volume de recursos. “O que eu posso dizer é que ele vai participar do Fundo Amazônia”, disse Lula, se referindo ao colega americano.

O comunicado dos dois governos fala na prioridade urgente da questão climática. Lula afirmou que além de preservar a Amazônia, também é preciso garantir que a biodiversidade rica da floresta seja usada para melhorar a qualidade de vida das mais de 25 milhões de pessoas que moram na região. Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula continuou: “Todo mundo já sabe que o planeta é redondo, que ele gira, e que ninguém vai escapar da destruição que a gente fizer no planeta”.

O primeiro encontro entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos foi mais longo do que estava previsto. Biden e Lula passaram 50 minutos juntos, a portas fechadas, acompanhados do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado americano, Anthony Blinken, além do assessor especial da presidência, Celso Amorim, e do assessor de Segurança Nacional, Jack Sullivan. Antes da conversa fechada, os dois chefes de Estado passaram quase 15 minutos lado a lado, diante da imprensa, no Salão Oval.

Defesa da democracia aproxima os dois líderes 

Lula agradeceu o apoio imediato de Biden, um dos primeiros líderes mundiais a reconhecer a vitória do petista nas urnas, poucas horas depois dela ser anunciada. Também destacou o empenho do americano em proteger e fortalecer as instituições democráticas e disse que o Brasil teve um presidente que divulgava “fake news” de manhã, de tarde e de noite e que não gostava de relações internacionais. Biden não se conteve e interrompeu: “Soa familiar”, afirmou, como quem diz, conheço bem isso. E riu, acompanhado por todos os presentes, deixando claro que estava falando de Donald Trump.

Lula mencionou ainda o discurso do Estado da União que Biden proferiu na última terça-feira, no qual ressaltou que a democracia precisa resolver os problemas da maioria da população, se quiser evitar o avanço de forças antidemocráticas. “Seu discurso cairia muito bem no Brasil”, disse Lula. No documento que assinaram juntos, os dois chefes de Estado rejeitaram o extremismo, a violência política e o discurso de ódio.

Prova de confiança

Depois dos 50 minutos de encontro, os presidentes se juntaram aos ministros para outra hora de debates. Na saída, Biden deixou Lula à vontade para conversar com a imprensa sozinho, na entrada da Ala Oeste da Casa Branca.

O gesto foi interpretado como uma prova de confiança já que não é comum permitir a um convidado estrangeiro esse trânsito desacompanhado na residência oficial da Presidência dos Estados Unidos. Na chegada, outro gesto significativo: Biden recepcionou Lula no South Lawn, uma entrada da Casa Branca usada para receber com mais deferência os chefes de Estado estrangeiros. Biden cumprimentou Lula com um aperto de mãos e, em seguida, deu o braço à primeira-dama Janja para entrar de mãos dadas com ela na Casa Branca.

Conselho de Segurança da ONU

Para uma das principais ambições brasileiras em política externa, a reforma do Conselho de Segurança da ONU, Biden manteve uma postura histórica de Washington e não saiu em defesa da entrada do país sul-americano como membro permanente no órgão. A reforma da ONU é mencionada na declaração conjunta de encerramento da visita, mas sem citar qualquer endosso a uma candidatura brasileira, como pressiona o Itamaraty há vários anos.

Guerra na Ucrânia

Segundo o relato de Lula, os dois presidentes trocaram impressões a respeito do estado da democracia no mundo, sobre a necessidade de proteger o planeta do aquecimento que ameaça a sobrevivência da humanidade e também houve tempo para falar sobre a guerra na Ucrânia. Lula se referiu ao conflito com veemência. Contou que propôs a Biden a criação de um grupo da paz, formado por países que não têm envolvimento direto ou indireto no conflito, para buscar uma saída. “É preciso colocar um fim a essa guerra. Ninguém quer que ela continue. A primeira coisa é terminar a guerra e depois negociar o que vai acontecer no futuro. Mas é preciso parar de atirar”, disse.

A guerra da Ucrânia também fez parte do comunicado conjunto. O texto diz que os dois países deploram a violação da integridade territorial da Ucrânia por parte da Rússia e a anexação de partes do território do país que consideram uma flagrante violação da lei internacional. Eles conclamam por uma paz justa e duradoura.

Encontro com Janja cancelado

A primeira-dama do Estados Unidos, Jill Biden, cancelou o encontro que havia marcado com Janja na Casa Branca. Em nota, a prêsidência americana informou que Jill se sentiu mal pela manhã, fez exame para Covid-19, com resultado negativo, mas não participaria dos eventos programados para o dia.

O encontro entre as duas primeiras-damas estava previsto duas horas antes da reunião de Lula e Biden no Salão Oval. Jill enviou um buquê de flores a Janja e afirmou, em mensagem, que ela e o marido estavam honrados de receber o casal brasileiro na Casa Branca. 

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