Acessar o conteúdo principal

Alta do preço dos fertilizantes por causa da guerra é pesadelo para países agrícolas como o Brasil

"O que espera a África ou a América Latina daqui a um ano parece trágico", prevê um comerciante de fertilizantes em Genebra. Os preços da uréia, potássio e fosfato subiram entre 30 e 40% desde o início da guerra na Ucrânia, já tendo atingido níveis recordes no final de 2021. A isto deve ser adicionado o preço crescente do gás, que é usado para fazer fertilizantes nitrogenados. O Brasil, que realiza metade de suas importações de potássio com a Rússia, deve ver os preços subirem vertiginosamente.

Trabalhadores chineses descarregam fertilizantes importados da Rússia em um porto de Nantong em setembro de 2018.
Trabalhadores chineses descarregam fertilizantes importados da Rússia em um porto de Nantong em setembro de 2018. AP
Publicidade

Marie-Pierre Olphand, da RFI

Com a escassez de fertilizantes e o aumento dos preços, os importadores de insumos não sabem a quem recorrer para se abastecer na próxima estação. Alguns agricultores latino-americanos terão que fazer escolhas difíceis se as tensões do mercado persistirem.

A tensão no mercado dos fertilizantes decorre da cessação das exportações da Ucrânia e, sobretudo, da Rússia, que é um importante fornecedor tanto de insumos como de matérias-primas utilizadas em sua fabricação, como o enxofre e o amoníaco, cujo gasoduto para o Mar Negro teve de ser encerrado.

Moscou pediu aos produtores russos de fertilizantes que parassem de exportar. Esta diretiva se acumula à incapacidade de vender no exterior: três dos quatro principais proprietários de empresas russas de fertilizantes foram sujeitos a sanções, tornando os bancos mais cautelosos.

Índia, Brasil e continente africano são particularmente vulneráveis

Essa crise está penalizando os fabricantes de fertilizantes, como o Office Chérifien des Phosphates (OCP) do Marrocos e, por sua vez, seus clientes. O OCP é frequentemente fornecido com potássio russo e bielorrusso para a fabricação do NPK, um fertilizante vendido principalmente a países da África Ocidental (Benin, Togo, Mali, Senegal). A OCP pode, portanto, ser forçada a se concentrar na produção de fertilizantes fosfatados, em detrimento da NPK. 

O Brasil, que importa 12 milhões de toneladas de potássio por ano, geralmente obtém metade de seus suprimentos da Rússia. Daí o desespero dos importadores que não sabem mais a quem recorrer.

A Índia, o outro grande importador de fertilizantes, está igualmente preocupado, tendo acabado de aumentar suas compras no Canadá, Israel e Jordânia para atender suas necessidades, que o governo estima em 30 milhões de toneladas.

Em menor medida, a Europa também está preocupada. Somente os Estados Unidos, que são autossuficientes em fertilizantes, não devem sofrer com a crise atual. A China também pode se sair melhor do que as outras, graças a suas boas relações com a Rússia.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.